Da Era do Desejo à Era da Dor Poeta Hiran de Melo Houve um tempo em que o desejo guiava meus passos. Não como promessa, mas como impulso — um farol aceso sobre mares desconhecidos. Eu caminhava sem mapa, sem destino traçado, movido apenas pelo afeto. Era o corpo que buscava outro corpo, a palavra que ansiava por resposta, o gesto que se lançava sem pedir permissão. Os encontros eram breves, intensos, muitas vezes silenciosos. Presenças que se confundiam com ausência, toques que não sabiam traduzir o que sentiam. O desejo não esperava. Ele chegava, tomava, partia — sem saber se deixava rastro ou ternura. Com o tempo, esse artesão silencioso, meus contornos foram sendo redesenhados. E hoje, reconheço que sou de outro tempo. Um tempo em que o que nos move é a dor. Não a dor que castiga, mas a dor que revela. Ela nos convida a parar, a escutar com o coração aberto, a perceber o espaço entre o que sentimos e o que conseguimos dizer. Ensina que o verdadeiro encontro não acontece ...
Postagens
Mostrando postagens de setembro, 2025
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
O Abraço Que Transforma - Um Chamado à Vida em Comunhão Por Hiran de Melo Há gestos que nos atravessam. Que nos tocam tão fundo que mudam nossa forma de ver o mundo. Foi assim que me senti ao conhecer a história de Anton, compartilhada pela querida amiga Samara Hamad Pereira Gomes. Um homem marcado pela dor, que encontrou no abraço não apenas consolo, mas uma chance real de continuar. E não falo de qualquer abraço — falo daquele que nasce da alma, que acolhe sem julgar, que une sem exigir. Jean-Yves Leloup chama isso de “sacramento da presença”. E eu entendi: quando dois corpos se encontram com verdade, ali há algo divino. Anton, ao abraçar, não apenas sobreviveu. Ele escolheu viver com o outro, no outro, pelo outro. Esse gesto silencioso foi mais do que resistência — foi uma epiclese, uma invocação do Espírito. Transformou dor em comunhão, medo em confiança, separação em unidade. E isso me fez crer que, mesmo nos dias mais escuros, há gestos que acendem luz dentro da gente...
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Uma História linda de doação e resistência Por Samara Hamad Pereira Gomes Numa situação trágica, Anton (*) , o judeu, encontrou a saída com o abraço de Comunhão pela sobrevivência. Um ato de união entre indivíduos, um relacionamento de que, apesar dos desafios, há um laço de solidariedade. O abraço de Comunhão pela sobrevivência simboliza a conexão profunda entre pessoas que enfrentam dificuldades, transmitindo apoio mútuo, força e esperança de que tudo vai passar. É uma demonstração humana de igualdade de direitos, justiça à vida e à grandeza do crescimento espiritual de cada um. Em um sentido espiritual, é visto como instrumento de Deus — um gesto que fala diretamente à alma e ao espírito, lembrando-nos da Graça e da Compaixão. (*) O padeiro que sobreviveu ao frio Anton era judeu e dono de uma das padarias mais famosas da Alemanha. Sempre que alguém lhe perguntava como havia sobrevivido ao Holocausto, ele respondia com uma história que fazia o silêncio pesar...
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Um Símbolo em Movimento e um Convite à Luz Por Hiran de Melo Ao contemplar o Sr. Presidente da República Federativa do Brasil com os olhos treinados pela filosofia maçônica, vislumbra-se mais do que um líder político: vê-se um arquétipo de transformação. Embora não iniciado nos mistérios da Arte Real, sua trajetória ressoa com os princípios da Ordem — superação, justiça social, fraternidade e reforma interior. É o operário que ascende, o homem que cai e retorna, o líder que busca conciliar. Kennyo Ismail, pensador da Maçonaria contemporânea, nos lembra que o verdadeiro maçom não se define por rótulos, mas pela coerência entre discurso e ação, pela construção de pontes e não de muros. Nesse sentido, o Sr. Presidente representa um espelho da própria sociedade — com suas virtudes e contradições — e nos convida a enxergar além das aparências, com discernimento e tolerância. Recentemente, em tribuna internacional, o Sr. Presidente reafirmou valores que dialogam com os...
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Um Canto ao Amor que Transcende Poeta Hiran de Melo “Nada Vai Mudar Meu Amor Por Você” (*) não é apenas uma melodia bonita — é como um abraço que dura, que acolhe, que revela. Ela fala de um amor que não se abala com as voltas do mundo, que não exige mudanças, que não se mede em tempo. E isso me fez pensar sobre o amor que vai além do romance: o amor ágape. O amor como repouso e encontro Sabe aquele momento em que você encontra alguém e sente que pode finalmente respirar fundo? É disso que essa música fala. O eu lírico não está fazendo drama quando diz “não quero viver sem você” — ele está entregando sua verdade. O outro se torna parte do seu mundo, não como posse, mas como presença. E é nessa entrega que o amor se transforma em morada: um lugar onde o ser pode existir por inteiro. Tempo que se vive, não se conta “Com você eu vejo o pra sempre tão claramente” — essa frase me marcou. Não é sobre prometer eternidade, mas sobre viver o agora com tanta intensidade que pare...
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
ILIMITADA Por Evelin Moura Ela diz ser muitas coisas, diz ser bruxa, não poderia, alguma maldade teria em seu coração. Diz ser fada, não poderia, sua pequenez não suportaria suas grandes ações. Diz ser índia, não poderia, sua sabedoria não provém de uma só nação. Defini-la seria algo injusto. Como definir alguém com tantas facetas, qualidades e potenciais. Defini-la não poderia. Isso seria limitá-la. E limitada é algo que não poderia ser. Mainha linda, parabéns por completar mais uma primavera. Que Deus, Gelda Moura, te conceda muitos outros anos. Ela é Mais do Que Cabe em Palavras Poeta Hiran de Melo Recebo o texto “ILIMITADA”, de Evelin Moura, como quem reconhece um retrato íntimo e verdadeiro. É mais do que uma homenagem: é uma declaração de liberdade. Evelin fala da mãe com uma delicadeza firme, recusando qualquer tentativa de encaixá-la em rótulos prontos — bruxa, fada, índia. Não por falta de magia, força ou sabedoria, mas porque nenhuma dessas ...
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Títulos, Diplomas e a Verdadeira Grandeza Maçônica Por Hiran de Melo Costumamos ouvir que “só a educação mudará o país”. Mas a realidade brasileira é mais complexa. A desigualdade social, a falta de consciência coletiva e uma espécie de nostalgia europeia ainda moldam nosso imaginário. Muitos buscam, mesmo sem perceber, a validação dos antigos centros de poder, como se o saber só tivesse valor quando reconhecido além-mar. Nesse cenário, o pós-doutorado — originalmente uma etapa de pesquisa e troca acadêmica — passou a ser visto como troféu. Em vez de servir ao conhecimento, virou símbolo de status, usado para reforçar hierarquias e distinções. O mesmo acontece com títulos em geral: quando usados para se destacar, perdem seu propósito essencial. Esse apego à forma em detrimento da essência é uma armadilha que o maçom conhece bem. Na Maçonaria, os graus não são coroas de glória, mas degraus pedagógicos. Servem para lapidar a Pedra Bruta, despertar virtudes e fortalecer a fr...
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
A Alquimia que Me Habita Por Hiran de Melo (*) Não sei exatamente quando começou, mas em algum momento da minha caminhada, percebi que a vida não vinha com fórmulas prontas. E foi aí que a alquimia deixou de ser uma curiosidade antiga e passou a ser uma linguagem que falava direto ao meu coração. A alquimia me ensinou que há uma dança entre os elementos — Terra, Água, Ar e Fogo — e que essa dança acontece dentro de mim também. Às vezes sou firme como a terra, outras vezes fluido como a água. Há dias em que sou leve como o ar, e outros em que ardo como o fogo. E tudo isso sou eu, em movimento, em busca de equilíbrio. Aprendi que há três forças que me moldam: o corpo que me dá forma, a vontade que me impulsiona e o pensamento que me conecta ao que não se vê, mas se sente. E quando essas forças se alinham, algo precioso começa a acontecer: uma transformação silenciosa, mas profunda. A tal Pedra Filosofal, que tantos buscaram, eu comecei a entender como a minha própria capa...
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
O Ternário Maçônico e a Linguagem da Vida - Um Convite à Pertença Por Hiran de Melo Pacíficos e Amados Irmãos, Recomendo com reverência a leitura da peça de arquitetura O Ternário Maçônico e a Arquitetura da Vida , escrita por Luiz Carlos da Silva (LuCaS). Mais do que um ensaio simbólico, trata-se de uma abertura ao mistério — uma forma de desvelamento do ser, como diria Martin Heidegger. O texto não apenas une ciência e espiritualidade, mas nos convida a habitar o mundo de forma mais autêntica, reconhecendo que o número três, tão presente na tradição maçônica, é também uma estrutura ontológica que revela o modo como o ser se manifesta. Lembro que Heidegger não busca explicar o mundo como um conjunto de fatos, mas sim revelar o modo como o ser se mostra — ou se oculta — na experiência humana O Ternário como Estrutura do Ser Na Maçonaria, o ternário — sabedoria, vontade e inteligência; pensamento, ação e sentimento; espírito, alma e corpo — não é apenas uma representaçã...
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Um Chamado à Responsabilidade Histórica Por Hiran de Melo O Brasil, nas últimas décadas, enfrentou tempestades que abalaram suas Colunas fundamentais: Justiça, Liberdade e Igualdade. Como um Templo em constante construção, coube às instituições democráticas resistir aos ventos da intolerância e às sombras do autoritarismo. Essa resistência não nasceu do acaso, mas da firmeza de homens e mulheres que compreenderam que o Estado Democrático de Direito é a Pedra Angular de nossa convivência republicana. Nossa democracia, ainda jovem, permanece vulnerável — e por isso exige vigilância constante. Assim como o Compasso e o Esquadro nos lembram da necessidade de equilíbrio e retidão, também as instituições democráticas pedem zelo, coragem e proteção. Não se trata de uma abstração jurídica: trata-se de um espaço sagrado, onde se asseguram direitos, se respeitam diferenças e se constrói o futuro pela força do diálogo e da legalidade. O maior risco está em normalizar o discurso que corrói e...
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Fragmentos de registros de um andarilho no caminho da luz Feliz daquele que trilhou o caminho da luz e tem a oportunidade de participar novamente, quantas vezes necessárias for, para acompanhar, seguir, acolher um novo irmão nessa nova caminhada. E assim sendo, nos permitimos ser vistos e ao mesmo ver o outro: a luz que habita em mim se reconhece na que habita em vós. Cada iniciação é sempre uma inspiração na busca da Perfeição. Cada erro corrigido, cada novo aprendizado, é uma motivação para continuar. Só faltou um convite, um aceno, um chamado ... quase nada; e ficou à espera de quase nada, que era tudo. Tudo e quase nada, apenas um aceno, uma mensagem, um sinal. E nada aconteceu, e o silêncio quase sepulcral se perpetuou! Mas, este silêncio não estava nas trevas e sim na Luz. E a luz se fez som - voz e resplandeceu sobre as trevas. Sapientíssimo Mestre Josivan Campos Brasil – Presidente...
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
A Mulher Que Sabe: Uma Leitura Existencial Por Hiran de Melo A poesia de Sofia Isella (*) não fala apenas sobre inveja ou competição entre mulheres. Ele escancara um fenômeno mais profundo: o desconforto diante da autenticidade. Quando uma mulher se destaca, se ama, se expressa com liberdade — ela perturba. Não por ser arrogante, mas por ser inteira. E isso incomoda quem ainda vive fragmentado. Martin Heidegger, filósofo alemão, nos ajuda a entender esse incômodo. Para ele, viver de forma autêntica é assumir a própria existência, com suas escolhas, angústias e liberdade. Mas a maioria prefere viver no que ele chama de “impessoal” — um modo de ser em que seguimos o que “todo mundo” faz, pensa ou espera. É o mundo do “se”: se vista assim, se comporte assim, se critique antes que critiquem você. O texto mostra como essa lógica se manifesta: Ø “Todo mundo apoia as mulheres… até que uma se saia melhor”. Ø “Todo mundo quer que você se ame… até que você rea...