Uma
História linda de doação e resistência
Por Samara
Hamad Pereira Gomes
Numa situação trágica, Anton (*), o
judeu, encontrou a saída com o abraço de Comunhão pela sobrevivência. Um ato de
união entre indivíduos, um relacionamento de que, apesar dos desafios, há um
laço de solidariedade.
O abraço de Comunhão pela sobrevivência simboliza a
conexão profunda entre pessoas que enfrentam dificuldades, transmitindo apoio
mútuo, força e esperança de que tudo vai passar. É uma demonstração humana de
igualdade de direitos, justiça à vida e à grandeza do crescimento espiritual de
cada um.
Em um sentido espiritual, é visto como instrumento
de Deus — um gesto que fala diretamente à alma e ao espírito, lembrando-nos da
Graça e da Compaixão.
(*) O padeiro que sobreviveu ao frio
Anton era judeu e dono de uma das padarias mais
famosas da Alemanha. Sempre que alguém lhe perguntava como havia sobrevivido ao
Holocausto, ele respondia com uma história que fazia o silêncio pesar na sala:
— Quer saber por que ainda estou vivo?
Quando adolescente, fui jogado em um comboio rumo a
Auschwitz. Dias inteiros sem comida, sem água, sem cobertor. A neve caía sem
piedade. O frio cortava como facas. Dentro daquele vagão, a morte respirava
conosco.
Ao meu lado, um velho tremia sem parar. Eu também
estava congelando, mas decidi aquecê-lo. Segurei suas mãos, esfreguei seu
rosto, suas pernas, abracei-o a noite inteira. Falei com ele, pedi que
resistisse, implorei para que não desistisse.
Quando o sol nasceu, senti um choque indescritível:
todos no vagão estavam mortos, congelados. Todos… menos nós dois. Ele
sobreviveu porque eu o mantive aquecido. E eu sobrevivi… porque tinha alguém
para aquecer.
Então Anton concluía, com a voz firme de quem
carregava um segredo simples e eterno:
— O verdadeiro sentido da vida é
aquecer o coração dos outros. Quem aquece, também se aquece. Quem ajuda alguém
a viver… encontra o próprio motivo para continuar vivendo.
Fonte: https://www.facebook.com/share/p/19rFiDVA6F/
Querida Samara Hamad Pereira,
Receba meu abraço afetuoso e minha admiração profunda.
Ao ler seu texto sobre Anton e o “abraço de
Comunhão pela sobrevivência”, fui tocado por uma força que transcende palavras.
Sua escrita não apenas narra um gesto — ela revela uma verdade espiritual que
pulsa no coração humano: a de que somos feitos para o encontro, para o cuidado,
para o calor que salva.
Inspirado pela visão humanística de Heidegger,
percebo que Anton, ao aquecer o velho no vagão gelado, não apenas sobreviveu —
ele se fez ser. Heidegger nos ensina que o ser humano é um
ser-em-comunhão, lançado no mundo com os outros. E Anton, ao abraçar, encarnou
essa essência: ele existiu plenamente no gesto de cuidar. Seu texto capta isso
com uma delicadeza que fala à alma.
O “abraço de Comunhão” que você descreve é mais do
que um símbolo — é um sacramento. É o Altíssimo se fazendo gesto, é a Graça se
revelando na carne do mundo. É a espiritualidade que não se limita ao templo,
mas se manifesta no vagão, na dor, no frio, no outro. E é nesse outro que
encontramos nosso próprio motivo para continuar.
Seu texto me lembrou que a justiça à vida não se
faz por decretos, mas por abraços. Que o crescimento espiritual não está em
escapar da dor, mas em atravessá-la com alguém nos braços. Que o verdadeiro
sentido da vida é aquecer — e ser aquecido.
Obrigada por escrever com alma. Obrigada por
lembrar que o espírito humano é capaz de gestos que transformam o mundo. Que
sua luz continue tocando corações, como tocou o meu.
Com carinho e reverência,
Hiran de Melo
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