A Alquimia que Me Habita

Por Hiran de Melo (*)

Não sei exatamente quando começou, mas em algum momento da minha caminhada, percebi que a vida não vinha com fórmulas prontas. E foi aí que a alquimia deixou de ser uma curiosidade antiga e passou a ser uma linguagem que falava direto ao meu coração.

A alquimia me ensinou que há uma dança entre os elementos — Terra, Água, Ar e Fogo — e que essa dança acontece dentro de mim também. Às vezes sou firme como a terra, outras vezes fluido como a água. Há dias em que sou leve como o ar, e outros em que ardo como o fogo. E tudo isso sou eu, em movimento, em busca de equilíbrio.

Aprendi que há três forças que me moldam: o corpo que me dá forma, a vontade que me impulsiona e o pensamento que me conecta ao que não se vê, mas se sente. E quando essas forças se alinham, algo precioso começa a acontecer: uma transformação silenciosa, mas profunda.

A tal Pedra Filosofal, que tantos buscaram, eu comecei a entender como a minha própria capacidade de me reinventar. De pegar o que está cru em mim — minhas dores, meus medos, minhas limitações — e lapidar com paciência até que brilhe. E o Elixir da Vida? Descobri que ele não está em nenhum frasco escondido, mas no prazer de viver cada etapa da jornada, mesmo quando ela é difícil. É o gosto de ser metamorfose, de não precisar ser o mesmo de ontem.

A alquimia não me pediu que eu acreditasse em dogmas. Ela me convidou a ser livre. A criar minha verdade com coragem, mesmo que isso significasse mergulhar no caos. E foi nesse mergulho que encontrei luz. Porque às vezes é preciso se despedaçar para descobrir o que realmente pulsa dentro.

Hoje, olho para a alquimia como quem olha para um espelho antigo, que ainda reflete com nitidez. Ela me lembra que toda transformação externa começa por dentro. Que não há mestre maior do que aquele que ousa se transformar. E que a estrela que dança — aquela que nasce do caos — pode muito bem ser a minha própria alma, em movimento.

Essa é a alquimia que me habita. E é com ela que sigo, lapidando, criando, vivendo. Não para chegar a um fim, mas para honrar o caminho.

(*) Poeta Hiran de Melo – oráculo de Melquisedec

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