Títulos, Diplomas e a Verdadeira
Grandeza Maçônica
Por
Hiran de Melo
Costumamos
ouvir que “só a educação mudará o país”. Mas a realidade brasileira é mais
complexa. A desigualdade social, a falta de consciência coletiva e uma espécie
de nostalgia europeia ainda moldam nosso imaginário. Muitos buscam, mesmo sem
perceber, a validação dos antigos centros de poder, como se o saber só tivesse
valor quando reconhecido além-mar.
Nesse
cenário, o pós-doutorado — originalmente uma etapa de pesquisa e troca
acadêmica — passou a ser visto como troféu. Em vez de servir ao conhecimento,
virou símbolo de status, usado para reforçar hierarquias e distinções. O mesmo
acontece com títulos em geral: quando usados para se destacar, perdem seu
propósito essencial.
Esse apego à
forma em detrimento da essência é uma armadilha que o maçom conhece bem. Na
Maçonaria, os graus não são coroas de glória, mas degraus pedagógicos. Servem
para lapidar a Pedra Bruta, despertar virtudes e fortalecer a fraternidade. O
Irmão que se prende ao número de graus acumulados esquece que o verdadeiro
valor está na vivência dos símbolos, no trabalho em Loja e no compromisso com
os demais.
Kennyo
Ismail nos lembra que o conhecimento, na visão maçônica, deve ser instrumento
de fraternidade, não de vaidade. Saber é luz — e luz se compartilha. Assim como
o maçom busca graus para crescer por dentro, o acadêmico deveria buscar
formação para servir melhor à coletividade.
Friedrich
Nietzsche, citado por Scarlet Marton, dizia que o valor de uma ideia não está
em quem a possui, mas em quem a vive. Essa reflexão se aplica tanto ao
pós-doutorado quanto aos graus maçônicos: são caminhos, não destinos.
Ferramentas para evoluir, não coroas para exibir.
Aos que veem
títulos como escada para ascensão, vale lembrar: o maçom se mede pela retidão
de sua conduta, pelo zelo no trabalho e pelo amor à humanidade. E o verdadeiro
acadêmico se reconhece pela capacidade de transformar saber em serviço.
Fica aqui o
convite: cultivar humildade diante do conhecimento. A luz recebida deve ser
multiplicada, nunca aprisionada. No Templo, cada pedra encontra seu lugar para
que a obra se erga. Na sociedade, cada título só tem valor quando ajuda a
construir algo maior — juntos.
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