O Nome Sagrado e o Grau 13 – Um Diálogo
entre Mestres
Por Hiran de Melo
Cena
Quatro Mestres Maçons se reúnem em um templo
simbólico. O ambiente é silencioso, iluminado apenas por tochas que projetam
sombras nas paredes. Ali, cada Mestre traz sua visão filosófica para refletir
sobre o mistério do Nome Sagrado no Grau 13 – Cavaleiro do Real Arco.
O Nome como Dever Moral
Kant:
“Meus irmãos, o Nome Sagrado não é uma
palavra mágica que se pronuncia para obter poder. Ele é um ideal moral, um guia
silencioso que orienta nossas ações. O silêncio diante do Nome é o
reconhecimento de que a razão humana tem limites: sabemos que existe o Bem
Supremo, mas não conseguimos descrevê-lo por completo. O iniciado do Grau 13
deve agir por princípios universais, não por interesse ou emoção. O verdadeiro
segredo está dentro de nós — é a lei moral que nos chama a agir corretamente,
mesmo quando ninguém nos observa.”
O Nome como Superação
Nietzsche:
“Permita-me discordar, Kant. O Nome não é um
ideal fixo, mas uma criação. O Cavaleiro do Real Arco desce à abóbada para
romper com certezas antigas e recriar a si mesmo. O Nome não é lembrança, é
conquista. Ele simboliza a vontade de potência, a coragem de enfrentar o abismo
e emergir transformado. O silêncio não é submissão, mas liberdade — é o espaço
onde o iniciado cria novos valores e afirma sua própria vida. O Nome é o
reflexo da força de quem ousa superar a si mesmo.”
O Nome como Travessia
Deleuze:
“Nietzsche fala da criação, e eu acrescento:
o Nome não é um ponto final, mas um movimento. O Grau 13 é repetição e
transformação, como um rio que nunca é o mesmo. O iniciado não encontra uma
essência fixa, mas vive intensidades. O Nome é uma travessia, uma experiência
que muda a cada passo. O templo é como um corpo sem órgãos: um espaço de
reinvenção, onde o maçom escapa das formas rígidas e descobre novas linhas de
fuga. O Nome não se diz, não se guarda — ele se vive.”
O Nome como Capital Simbólico
Bourdieu:
“Meus irmãos, não esqueçamos o aspecto social. O Nome Sagrado também é um
símbolo de prestígio. Ele vale porque, dentro da Ordem, todos reconhecem sua
importância. O silêncio mantém o segredo e distingue quem chegou a esse grau. O
iniciado incorpora os valores do campo maçônico, adquirindo capital simbólico
que o posiciona de forma diferente na comunidade. O Nome é distinção,
reconhecimento e poder cultural. Ele não é apenas espiritual, mas também
social: marca quem somos e como somos vistos.”
Posições Filosóficas
- Kant:
O Nome é guia ético, limite da razão e dever universal.
- Nietzsche:
O Nome é criação e superação, não moral fixa.
- Deleuze:
O Nome é processo, intensidade e travessia.
- Bourdieu:
O Nome é construção social, símbolo de distinção e poder.
Síntese
O
diálogo mostra que o Grau 13 do REAA não entrega uma única verdade. Ele
abre um espaço simbólico onde várias interpretações coexistem:
- Ética universal (Kant)
- Criação de novos valores (Nietzsche)
- Transformação contínua (Deleuze)
- Reconhecimento social (Bourdieu)
O
Nome Sagrado, portanto, não é apenas palavra ou segredo: é espelho do iniciado,
refletindo sua jornada interior, sua liberdade criadora e sua posição no mundo.
Conclusão
O Grau 13 ensina que o Nome Sagrado é
menos um som e mais uma experiência — ética, criadora, transformadora e
simbólica. Cada Mestre vê nele um caminho diferente, mas todos concordam que o
iniciado deve descer à própria abóbada interior para emergir renovado,
consciente e digno de silêncio.
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