Onde Está a Verdade? – Um Chamado ao Coração

Por Hiran de Melo

Ler “Onde Está a Verdade?” (*), de LuCaS, foi como abrir uma janela para dentro de mim. Não parecia apenas um texto sobre Maçonaria — era um sussurro da alma, um espelho que me convidava a olhar com ternura para o que sou por dentro. Jung chamaria essa travessia de processo de individuação, mas eu prefiro pensar como um reencontro amoroso entre corpo, alma e espírito — como fala Yves Leloup — três dimensões que buscam se abraçar novamente.

O Iniciado, que parte das sombras em direção à luz, representa cada um de nós quando decidimos escutar de verdade o que habita em nosso silêncio. Não é sobre títulos nem reconhecimentos, mas sobre coragem. Coragem de descer ao fundo do próprio ser, tocar o que dói e, ainda assim, continuar caminhando. É um trabalho paciente, íntimo, quase artesanal — feito de quedas, descobertas e pequenas vitórias sobre o medo.

O Templo de Jerusalém, tão presente no texto, ganhou outro sentido em mim: ele é o retrato do nosso próprio ser. O Pátio é o corpo — o espaço das ações, dos desejos, das experiências terrenas. O Lugar Santo é a alma — onde aprendemos a ouvir a voz que não grita, mas orienta com doçura. E o Santo dos Santos é o espírito — o centro sagrado onde mora a presença divina, aquilo que Jung chama de Self, e que eu reconheço como o ponto mais verdadeiro do nosso coração.

Cada símbolo que LuCaS menciona parece conversar com essa jornada interior. A Porta é o início — o passo dado mesmo com medo. O Altar é o lugar onde deixamos o que já não serve: o orgulho, a pressa, a vaidade. O Mar de Bronze é o mergulho que purifica a alma. A Menorá é a luz que se acende dentro de nós quando tudo parece escuro. E a Arca da Aliança é o coração — onde guardamos a lei, a fé e o alimento espiritual que nos sustentam nos dias difíceis.

A história de Hiram Abi, o mestre que morre e renasce, também fala sobre esse caminho. É o encontro com a sombra — com nossas culpas, medos e fragilidades. Quando aprendemos a olhar para essas partes sem julgamento, algo se transforma. A verdadeira força nasce da aceitação, não da perfeição. É nesse momento que o ser humano começa a florescer — não como alguém imune à dor, mas como quem aprendeu a respeitar o próprio sofrimento e o sofrimento do outro.

E foi nesse ponto que senti ecoar, com delicadeza, o pensamento de Heidegger sobre a autenticidade. Ser autêntico, para ele, é viver com consciência de quem somos e da finitude que nos acompanha. É ter a coragem de não se esconder atrás das máscaras que o mundo impõe — de não viver apenas como “se todos vivessem assim”, mas de escolher, com verdade, o próprio caminho. Percebi que o Iniciado, ao descer ao fundo de si mesmo, busca exatamente isso: libertar-se do ruído das aparências para encontrar a voz essencial que o habita. Ser autêntico é habitar o próprio ser, e isso só é possível quando deixamos de viver no “parecer” e passamos a viver no “ser”.

A Maçonaria que LuCaS descreve não é apenas uma instituição — é uma forma de estar no mundo. É o aprendizado de unir o que parece oposto: razão e sentimento, matéria e espírito, luz e sombra. É perceber que tudo o que é humano pode ser sagrado quando tocado com consciência. E é também o chamado para viver com autenticidade — para que nossas palavras, gestos e silêncios expressem o que realmente somos, sem medo, sem disfarce, com verdade.

No fim, entendi que a pergunta “Onde está a Verdade?” não se responde com palavras. A verdade não mora em templos nem em doutrinas — ela habita o coração de quem se abre para escutar a voz da espiritualidade silenciosa que vive em cada um de nós.

E quando essa escuta acontece, algo em nós se reconstrói. Como o Templo de Jerusalém, renascemos das cinzas, mais inteiros, mais serenos, mais luminosos. Porque a verdade, afinal, não é um lugar que se encontra — é um estado de presença. É o instante em que corpo, alma e espírito se reconhecem, e o coração, em paz e autenticidade, volta a brilhar.

(*) A Parte 3 do Livro A Bíblia e o Rito Escocês Antigo e Aceito, de Luiz Carlos Silva (LuCaS).

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A Bíblia e o Rito Escocês Antigo e Aceito/LuCaS. Campina Grande, PB. 2ª Ed. 2025 Revisada e Ampliada. 302p: Il.

IBBN: 978-65-01-74408-7

1. Maçonaria – História – Legislação. 2. Livro da Lei. 3. Maçonaria Graus Palavras Expressões. CDD – 366,1

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