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Mostrando postagens de junho, 2025
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  Leve-me, sou leve   Por Hiran de Melo   O que carrego, temporário ou não E onde carrego, na alma ou na mão É sempre um peso, peso, peso O que deixo e onde deixo É sempre leve, leve, leve Leve, leve, é sempre leve     Leve-me para você Mas não me carregue Leve-me com você Não se sobrecarregue   Não pense o que fazer comigo Faça, faça. Não pense em o que fazer de mim Abrace, abrace.   Leve-me, sou leve Leve-me, sou leve Sou leve, leve, leve Sou leve, leve, leve-me. Sou leve, leve, leve Sou leve, leve, leve-me.   Composição -  Hiran de Melo Intérprete: Boy Arranjos e Gravação: Studio Washington Boy Faixa 01 do Álbum Caminhando nas nuvens – 2025 Vídeos: Faixa 02 do Álbum Caminhando nas nuvens – 2025   Instrumental   Anexo   Depoimento do Poeta : Leve-me, sou leve   Este meu poema é um sussurro delicado entre o ser e o outro, entre o peso da existência e a leveza do amor. Lê-se como um sopro filosófico em forma de súplica amo...
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  Andar sobre as linhas paralelas do trem   Por Hiran de Melo   Já não me prendo tanto aos "erros". Se tivesse me apegado a eles, talvez tivesse cometido muitos mais. E, ainda assim, como é gostoso errar — quando se tem consciência do desvio!   Um dia, talvez, o querido irmão professor há de perceber que errar também pode ser doce, desde que não fira o outro.   Andar certinho, alinhado, como sobre os trilhos de um trem, pode parecer seguro. Mas, cedo ou tarde, esse caminhar será atropelado pelo sentimento de não ter ousado seguir outros rumos.   É como o beijo que não se dá, mesmo quando o desejo pulsa. Reprimir esse impulso é arriscar que, na próxima oportunidade, o desejo já não esteja mais ali. E, quando o desejo se vai, seguimos pela vida como por uma ferrovia sem desvios — olhando a paisagem passar, contemplando de longe as oportunidades que deixamos escapar.   O encanto verdadeiro nasce da alma e fala uma linguagem que a r...
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  Criança Inocente   Por Hiran de Melo   Quando escutei e refleti sobre a expressão “criança inocente”, compreendi por que ainda sou criança, já que continuo inocente. Ou, em uma expressão rude, sou uma criança que envelheceu sem se emendar: “Esse menino não se enxerga, não tem jeito”.   Apanhei muito sem saber por que apanhava tanto — e, ainda, por que apanhava para o meu próprio bem.   O “apanhar para aprender” era a expressão máxima da pedagogia doméstica na minha infância. Era seguida de outro adágio, ainda hoje tão nebuloso quanto o primeiro: “apanhar em casa para não apanhar na rua”. Além de um terceiro, anunciado como consolo ou como perdão ao agressor: “pancada de amor não dói, educa”.   Recentemente, fui informado de que sou mal-educado. Fiquei com raiva — não porque eu não saiba que sou, de fato, mal-educado (as inumeráveis pisas que levei não me serviram para nada, não me emendaram), mas porque fui lembrado de que apanhei de graça. E não, pela Gr...
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O fim dos tempos não é o fim do mundo Por Hiran de Melo   O fim dos tempos não é o fim do mundo. É o fim do meu tempo, do seu tempo. É o fim do tempo individual de cada um de nós. Mas não é o fim dos tempos de todos nós, ao mesmo tempo.   O fim dos tempos, ao contrário do que narra o Apocalipse, chega em silêncio — devagarinho, sem desespero, e também sem carinho. Chega na solidão.   Chega com a casa vazia — e você nela, habitando. Chega quando nenhum dos seus tem tempo para ouvir você, ouvir a mim. Chega quando nossa presença é apenas figurativa.   Não tenhas medo dos cavaleiros do Apocalipse — eles não virão mais. Já estão aqui, e quase não são notados.   Irrelevantes. Apenas sombras para amedrontar crentes em busca da salvação de suas ilusões.   O fim dos tempos, para mim, chegou. Chegou quando, em noite de São João, prefiro ficar em casa. A rua e os fogos de artifício já não me encantam. A garrafa de vinho tinto — português — continua fechada. Antes, eu...