A Vida como Obra — Em Memória do Irmão Mujica

 

Pelo Mestre Melquisedec

 

Que a paz do Grande Arquiteto do Universo nos inspire neste momento de reflexão.

 

A transição do Irmão José “Pepe” Mujica para o Oriente Eterno nos convoca, como obreiros da luz, a refletir sobre o legado de uma vida que não buscou brilho aparente, mas sim coerência, dignidade e verdade interior. Mujica não foi apenas um homem público; foi, à sua maneira, um filósofo prático — um construtor de sentido no meio do caos.

 

Nietzsche, Mujica e a Arte de Viver

 

O filósofo Friedrich Nietzsche, cuja obra foi iluminada por estudiosos como Scarlet Marton, não buscava verdades absolutas, mas a superação dos limites impostos pela moral do rebanho. Ele clamava pela criação de novos valores — não herdados, mas conquistados. Mujica, com sua simplicidade despojada, viveu esse ideal: não se submeteu aos valores dominantes, mas ousou criar um modo próprio de existência.

 

Nietzsche disse: "Torna-te quem tu és." Mujica viveu como quem compreendia esse chamado — um homem que se recusou a ser refém do poder, do consumo e da vaidade. Não buscava aplausos, mas coerência entre o pensar, o dizer e o fazer.

 

Ao dizer frases como:

 

Quando compro algo, não pago com dinheiro. Pago com o tempo de vida que gastei para ganhar esse dinheiro”.

 

Mujica desmonta a ilusão do consumo como fonte de felicidade — exatamente como Nietzsche desmascarava os ídolos modernos. Ele nos lembra que o verdadeiro valor está na vida em si, e não nos artifícios criados pelo mercado ou pela moral utilitarista.

 

A Ética do Simples

 

A Maçonaria, em sua essência, busca o equilíbrio entre liberdade, consciência e retidão. Mujica, mesmo fora de nossos templos, viveu segundo a ética da simplicidade — não como pobreza imposta, mas como libertação daquilo que escraviza.

 

Sou pobre? Pobres são aqueles que precisam de muito para viver”.

 

Essa frase ecoa o espírito de Nietzsche que, segundo Marton, queria libertar o homem da culpa e da submissão. Mujica propõe, com isso, uma nova forma de riqueza: aquela que se mede não pelo que se possui, mas pela leveza com que se vive.

 

Ele compreendia, como Nietzsche, que a liberdade é um fardo que exige responsabilidade. Por isso, afirmou:

 

A liberdade é ter tempo para fazer o que se gosta”.

 

Uma vida autêntica, segundo ambos, não é viver como mandam os outros, mas criar seu próprio destino.

 

A Morte como Celebração da Obra

 

Nietzsche dizia que a vida deveria ser vivida de tal maneira que pudéssemos desejá-la eternamente. Mujica não teve uma vida fácil, mas teve uma vida plena. E isso é o que a filosofia chama de amor fati — amor ao destino.

 

Scarlet Marton nos mostra que Nietzsche via o filósofo como aquele que se arrisca a viver como uma obra de arte. Mujica foi esse artista da existência: um ser humano que se fez digno não pelo cargo que ocupou, mas pela maneira como ocupou o mundo.

 

A política deveria ser um dever ético, não um meio de enriquecimento”.

 

Este pensamento é mais que um princípio político. É um ensinamento moral e filosófico que toca o coração da Maçonaria: agir sempre pelo bem comum, e não pela ambição individual.

 

Um Templo Chamado Vida

 

Hoje, sob o céu estrelado do tempo, recordamos José Mujica como um homem que edificou a própria vida como um templo da consciência. Com tijolos de sabedoria popular, cimento de ética e colunas de humildade, ele nos deixa um modelo possível de existência plena.

 

Nietzsche nos convida a destruir os ídolos e criar novos valores. Mujica não destruiu com fúria, mas com exemplo — viveu como quem ergue, não como quem derruba. Seu testemunho de vida nos desafia a repensar o que é riqueza, poder, tempo e liberdade.

 

Se você não é feliz com pouco, não será feliz com muito”.

 

Esta frase, simples como um preceito iniciático, deve ser entalhada em nossos corações como uma pedra bruta pronta a ser lapidada.

 

Que o Irmão Mujica siga em paz para o Oriente Eterno. Que sua vida nos inspire a buscar o que é essencial e a construir, em cada gesto, um mundo mais justo, mais livre e mais humano.

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