Discurso Maçônico Simbólico sobre a Páscoa

 

Venerável Mestre, Digníssimos e Amados Irmãos,

 

Reunimo-nos mais uma vez sob a abóbada estrelada de nossa Oficina, iluminados pela Luz do Grande Arquiteto do Universo, para refletirmos sobre um momento simbólico e profundamente espiritual que se celebra no mundo: a Páscoa.

 

Mais do que uma festividade religiosa, a Páscoa é um símbolo eterno de renovação, esperança, sacrifício e renascimento. Para muitos, ela evoca a ressurreição do Cristo. Para nós, maçons, independentemente da fé particular de cada Irmão, ela representa a passagem das trevas para a luz, da ignorância para o conhecimento, da matéria bruta para a pedra polida, da inatividade para a ação construtora de um mundo mais amoroso e acolhedor.

 

A palavra “Páscoa” tem origem na expressão hebraica Pessach, que significa “passagem”. E que é a vida senão uma constante passagem? Passamos da infância à maturidade, da dúvida à sabedoria, da dor à compreensão. A cada iniciação, a cada grau, a cada prova superada dentro e fora da Loja, renascemos para uma nova etapa de nossa construção interior.

 

A Páscoa nos convida, portanto, à reflexão profunda sobre nossa própria jornada iniciática. Assim como o Mestre Hiram passou pela morte simbólica para que a Palavra não se perdesse, assim também somos chamados a deixar para trás as paixões que nos acorrentam, as vaidades que nos cegam, os vícios que nos desfiguram.

 

A ressurreição, para nós, é símbolo de superação do velho eu inflamado, de elevação do espírito, de entrega ao trabalho silencioso da lapidação interior. É o símbolo da imortalidade da alma — crença que sustenta a esperança de que nossa obra não termina nesta existência, mas se prolonga em planos mais elevados da Criação.

 

Em um mundo cada vez mais materialista, desigual e conturbado, que a Páscoa nos lembre que a verdadeira força está no serviço ao próximo, na humildade, na paciência e na capacidade de amar mesmo onde reina o ódio. Assim como o Sol renasce a cada manhã, devemos renascer espiritualmente a cada instante, com coragem e fé.

 

Que cada Irmão, à sua maneira, renove nesta data seu compromisso com a construção do Templo da Virtude, com a prática da Tolerância, com o cultivo da Sabedoria e com o fortalecimento da Fraternidade.

 

Porque, no final, a Páscoa é o grito silencioso da alma que deseja evoluir. E é nesse caminho de evolução, guiados pela Luz da Razão, que continuaremos, juntos, a trilhar os degraus do Servir com Sabedoria (servir para libertar, despertar, elevar) relegando o “servir” com esperteza (“servir” para dominar, escravizar, diminuir).

 

Que assim seja.

 

Poeta Hiran de Melo

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