Deixa o
coração...
Por Gelda
Moura
Deixa o coração chorar
Deixar desaguar no mar
Tristeza, saudade, solidão
Deixa o coração cantar
Cantar a fuga da alma
Acalmar o grito preso
Sonhar proibido sem medo
Deixa o coração passar
Passar sem tempo
Abraçar o vento
Sangrar, nadar, amar
Deixa o coração falar
Reflexão – Uma leitura possível do poema
"Deixa o
Coração..." é um poema que, em sua simplicidade, revela uma extrema
complexidade emocional. A poetisa Gelda Moura nos conduz por um caminho de auto
exploração, onde nos confrontamos com as nossas fragilidades e, ao mesmo tempo,
com a força de nossas emoções mais puras. Através de um convite suave, mas
intenso, o poema nos encoraja a abraçar nossas emoções, sem medo de nos expor e
sem a necessidade de esconder o que sentimos.
O convite "Deixa
o coração..." ao longo do poema
cria uma sensação de liberdade, como se fosse um lembrete constante de que não
devemos nos prender a restrições internas ou externas. O poema propõe um
movimento de libertação das emoções, como se o coração fosse uma força
autônoma, que precisa ser escutada e deixada livre para se expressar. Ele
alterna entre momentos de dor e de esperança, mostrando que, embora a tristeza
e a saudade possam fazer parte da experiência humana, também há um espaço para
o alívio e para a busca por um novo equilíbrio.
A primeira estrofe,
com seu convite a "deixar o coração chorar", me tocou pela maneira como expõe a
vulnerabilidade humana. Ao sugerir que deixemos a dor fluir, o poema nos dá
permissão para sentir sem culpa, para não esconder o que nos aflige. A imagem
do mar, onde a tristeza pode desaguar, traz a sensação de que há um espaço
amplo o suficiente para acomodar nossa dor, permitindo que ela seja processada
e transformada.
A segunda estrofe
oferece uma virada, sugerindo que o coração também tem o direito de cantar.
Aqui, o poema nos lembra que a expressão das nossas emoções não se limita à
dor. Cantar, no caso, é uma metáfora para a liberdade de expressar a alma, de
deixar que os sentimentos mais profundos se revelem sem medo ou censura. A
ideia de "sonhar proibido" é especialmente poderosa, pois aponta para a
capacidade de imaginar e desejar aquilo que muitas vezes é reprimido pela
sociedade ou pelas expectativas externas.
Os versos "Deixa
o coração cantar / Cantar a fuga da alma" sugerem que
a expressão do coração através da música ou da fala pode ser uma forma de
escape ou alívio, uma maneira de lidar com os sentimentos reprimidos. A ideia
de "sonhar proibido sem medo" reflete uma liberdade de desejos e
pensamentos que, muitas vezes, são cerceados pelas convenções sociais ou pelos
próprios medos.
A terceira estrofe
traz uma sensação de movimento e de transcendência. Ao convidar o coração a
"passar
sem tempo", o poema nos lembra da
efemeridade da vida e das emoções. Não há necessidade de se prender ao tempo ou
às limitações impostas pela razão. O "abraçar o vento" e o "sangrar, nadar, amar" são metáforas de uma vida vivida com intensidade,
onde as emoções, por mais turbulentas que sejam, são essenciais para a nossa
experiência.
No final, o convite
para "Deixar o coração falar"
é o ponto culminante do poema. Aqui, o coração é representado como um ente que
possui sua própria voz e que, ao falar, traz à tona a verdadeira essência do
ser. É como se o coração, ao ser liberado, tivesse o poder de encontrar a paz,
a verdade e a conexão consigo mesmo e com o mundo.
"Deixa o
Coração..." é um poema que me toca não apenas pela sua beleza estética,
mas também pela profundidade emocional que ele transmite. Ele nos ensina a
importância de abraçar nossas emoções, de não ter medo de sentir e de
expressar, e, acima de tudo, de permitir que o coração fale com toda a sua
intensidade, sem barreiras ou receios. Ele me faz pensar na importância de
viver as nossas emoções, de nos expressarmos e de amarmos sem medo.
Poeta Hiran de Melo
Anunciando a Ordem de
São José
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Abrisse portas para um entendimento profundo ,dessa singela poesia.Obrigada, meu amigo poeta!
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