A Ética do Grau 20 (*)

 

O Grau 20 é bem importante porque destaca o papel de liderança na Maçonaria, enfatizando a responsabilidade do maçom em agir com justiça e integridade. Neste grau vem desafios aos maçons em busca de serem exemplos de liderança ética e a promover a justiça em todas as suas ações, influenciando positivamente a Ordem Maçônica e a sociedade em geral.

 

A cerimônia do Grau 20 também se refere ao conhecimento da verdade por intermédio da inteligência e da razão; uma busca do “Fiat Luz”, uma busca do brilho divino, uma vez que é dever do maçom difundir a verdade por todos os recantos da terra.

 

A nossa Ordem instrui a cada participante a discussão tolerante, a expor seus pensamentos e a contribuir para que do diálogo venha à tona a verdade. Entende-se que o maçom deve estar no lugar da dignidade, da submissão à Ordem e à virtude.

 

Na compreensão de Aristóteles a Moral é a atribuição de um valor à própria ação e que esta ação também seja livre ou contingente - que tenhamos podido agir diferentemente.

 

A concepção de Spinoza é diferente haja vista que é contrária à de Aristóteles pois Spinoza não aceita que a ação seja contingente, não aceita o livre arbítrio que dela decorre. A singularidade do pensamento de Spinoza indica que não há possibilidade de agirmos diferente de como agimos.

 

A nossa existência não é marcada pela contingência, pela possibilidade de ser outra e sim pela necessidade. A nossa existência é só como pode ser. O ser humano acredita ser livre, pensa ter o livre arbítrio de escolher agir. Spinoza afirma que o ser humano percebe o livre arbítrio porque ignora todas as causas materiais que determinam que a ação é só como poderia ser.

 

Somos parte da natureza e não toda a natureza. Agora, pratico o REAA por causa da necessidade e não porque escolho, mas posso até pensar que escolho, mas se assim pensar apenas estou enganado pois ignoro o todo sendo apenas parte.

 

O fato é que ao ponderar a respeito da minha ação, ou existência, já que não há existência que não seja ativa para Spinoza. Spinoza entende que o fato de sermos seres naturais, estamos inseridos em nexos de causalidades materiais e por isto somos o que só poderíamos ser; só poderíamos agir como agimos. A possibilidade é uma ilusão.

Só pratico agora o REAA porque existe uma causa material para tal e não porque escolho, é uma determinação natural por causas necessárias, não há contingências, não há possibilidades no instante de praticar outro Rito, só há esta realidade no instante.

 

No mundo só existe as coisas sensíveis pois não há transcendência e não há causas transcendentes para a causa das ações imanentes. O que está no mundo tem como causa aqui mesmo no mundo.

 

A determinação está nas causas, no instante que se determina, no instante que é a própria eternidade que existe e vem existindo no instante para uma realidade que não deixa de deixar de ser. No mundo imanente estão as causas e as causas estão, determinam as ações no mesmo instante das ações, onde as coisas existem, pois, o presente esgota toda a realidade.

 

Neste sentido é que agora pratico o REAA e assim, de forma ética, na compreensão de Spinoza só estou praticando este Rito porque não há outra causa material para praticar outro Rito.  

 

Jivago de Azevedo Chaves – Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre Ad Vitam.

 

(*) Peça de arquitetura apresentada em sessão do Conselho de Cavaleiros Kadosch.

 

As Considerações, a seguir, feitas atendendo ao pedido do Mestre Jivago, buscam colaborar com a instrução.

 

Parte Estilística: Como o texto se apresenta

 

O texto “O Grau 20 segundo Jivago” é escrito num tom reflexivo e didático, usando uma linguagem que mistura explicações diretas com reflexões filosóficas mais densas. Ele começa de forma clara e simples, explicando o papel do Grau 20 como um grau de liderança ética, mas vai ganhando profundidade ao longo do texto, especialmente quando aborda pensadores como Aristóteles e Spinoza.

 

Explicação do significado do Grau 20

 

1. Relação com a busca pela verdade e luz.

 

Discussão filosófica sobre o livre-arbítrio e a necessidade. Há uma transição natural do entendimento simbólico do grau para uma meditação mais profunda sobre a natureza da ação humana e da liberdade.

 

Parte Filosófica: Grau 20 e Albert Pike

 

O que Albert Pike diz sobre o Grau 20?

 

Albert Pike, um dos grandes pensadores da Maçonaria e autor de ‘Morals and Dogma’, trata o Grau 20 como o Grau do Mestre Ad Vitam. Para ele, este grau representa a síntese entre razão, fé e ação ética. Ele destaca que o maçom neste grau deve ser um guia moral, um construtor da sociedade e da espiritualidade verdadeira, não apenas um seguidor de regras.

 

Mestre Pike também valoriza muito a razão iluminada, ou seja, a capacidade do homem de buscar a verdade por meio da inteligência – o que se conecta com a ideia do “Fiat Lux” (faça-se a luz), mencionada no texto do Mestre Jivago.

 

Pike diria:

 

O Grau 20 é o momento em que o maçom se torna responsável por manter acesa a luz da verdade e guiar os outros com ética, sabedoria e discernimento.

 

2. Comparando com Aristóteles e Spinoza

 

Aristóteles: A moral como escolha

 

O texto do Mestre Jivago lembra que Aristóteles via a ação moral como algo que depende da escolha livre. Você só é virtuoso se puder ter agido diferente, mas escolheu o certo. Isso combina bem com a ideia de um maçom como um líder ético que escolhe praticar a justiça.

 

Spinoza: A ilusão da escolha

 

Já Spinoza pensava diferente. Para ele, tudo que fazemos é fruto de causas naturais e necessárias. Não existe “escolha” verdadeira. A gente só pensa que escolheu porque não conhece todas as causas que nos levaram a agir de certa forma. O texto usa essa visão para dizer que a prática do REAA não é uma escolha livre, mas um resultado necessário de causas que se encadeiam naturalmente.

 

Isso nos dá uma perspectiva interessante: mesmo sem livre-arbítrio, o maçom continua sendo parte de um processo ético – pois sua ação ainda faz parte de uma ordem racional do mundo.

 

3. O que podemos tirar disso?

 

O Grau 20 é um chamado à liderança moral e racional.

 

O maçom é desafiado a buscar a verdade com humildade, razão e coragem.

 

Albert Pike vê esse grau como a união da luz da razão com o dever espiritual e social.

 

A reflexão filosófica com Aristóteles e Spinoza enriquece essa visão:

 

Aristóteles lembra que a moral está na escolha.

 

Spinoza diz que a escolha é uma ilusão, mas a ética ainda existe no cumprimento do nosso papel natural.

 

Mesmo sem certeza se escolhemos ou não, a ética maçônica continua válida porque ela nos conecta com o bem, com a verdade e com a construção de um mundo melhor.

 

Poeta Hiran de Melo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog