Dia chuvoso

 

Por Rômulo Hamad Pereira

 

Como gosto da chuva!

Ao cair, molha a terra,

E sentimos o cheiro

De terra molhada.

 

De repente, um trovão!

Deus falou a todos:

"Estou aqui!"

Um raio ilumina o céu!

Deus acende a luz divina para todos.

 

Irmãos, convido-os a contemplar

Na natureza os sinais de Deus.

Ele nos fala pela natureza

E não cobra nada por isso.

 

Se compreendêssemos esses sinais,

Os humanos seriam melhores.

Diante de tanta grandeza,

As pessoas poderiam,

Diante de sua insignificância,

Perceber que nossos problemas terrenos

Não são nada comparados à imensidão do divino.

 

Tudo poderia ser melhor

Quem pensa que tem uma pedra

Na sua frente pode ter apenas um grão de areia.

Essa fé dá força para superar quaisquer obstáculos

Aqui na terra. Oh, chuva abençoada!

 

Reflexão – Uma leitura possível do poema

 

O poema "Dia Chuvoso", de Rômulo Hamad Pereira, é uma reflexão instigante sobre a relação entre o ser humano e a natureza, e como esta pode servir de canal para a espiritualidade e para o entendimento do divino. A efetividade das imagens e a carga simbólica que elas carregam tornam o poema tocante e cheio de significados sutis.

 

A primeira parte do poema começa com uma apreciação simples e sincera pela chuva: "Como gosto da chuva!" O uso da palavra "gosto" transmite uma sensação de prazer genuíno e natural, fazendo com que o leitor compartilhe a admiração do eu lírico pela beleza da chuva, como algo que nutre a terra e que renova a vida ao seu redor. O cheiro da terra molhada, tão bem evocado no verso "E sentimos o cheiro / De terra molhada", é uma imagem poderosa, que desperta os sentidos e transporta o leitor para uma experiência sensorial rica e familiar.

 

A passagem para o trovão e o raio, com a fala direta de Deus – "Deus falou a todos: 'Estou aqui!'" – eleva o poema a uma dimensão espiritual. O trovão e o raio se tornam, nesse contexto, sinais de presença divina, uma comunicação direta e intensa. O raio que "ilumina o céu" e "acende a luz divina para todos" simboliza uma revelação, um momento de clareza e iluminação. A chuva, que antes era apenas uma expressão da natureza, agora é apresentada como um veículo da manifestação divina.

 

O convite para contemplar os sinais de Deus na natureza, "Irmãos, convido-os a contemplar / Na natureza os sinais de Deus", reflete uma mensagem de conexão espiritual e de humildade. Ao afirmar que "Ele nos fala pela natureza / E não cobra nada por isso", o poeta sublinha a generosidade divina, sugerindo que o divino está sempre à disposição, acessível e sem custo, ao alcance de todos, nas coisas simples ao nosso redor.

 

A reflexão sobre a insignificância humana diante da grandeza do divino – "As pessoas poderiam, / Diante de sua insignificância, / Perceber que nossos problemas terrenos / Não são nada comparados à imensidão do divino" – leva o poema a um tom filosófico, questionando as preocupações cotidianas e oferecendo uma visão mais ampla da vida. O contraste entre os "problemas terrenos" e a "imensidão do divino" sugere que a perspectiva espiritual pode ajudar a relativizar as dificuldades mundanas, oferecendo ao ser humano um alicerce de força e serenidade.

 

A ideia de que "quem pensa que tem uma pedra / Na sua frente pode ter apenas um grão de areia" transmite uma mensagem de otimismo e fé, sugerindo que os obstáculos da vida, quando vistos com os olhos da fé, podem ser mais simples de superar. A conclusão com o grito "Oh, chuva abençoada!" traz um tom de gratidão, uma exaltação à chuva como um símbolo da bênção divina que traz renovação, crescimento e força.

 

Por fim, "Dia Chuvoso" é um poema que mistura a beleza da natureza com uma profunda mensagem espiritual. A maneira como o autor conecta o fenômeno da chuva com a manifestação de Deus e com a reflexão sobre a vida humana é tocante e poética. A simplicidade das imagens e a profundidade das ideias tornam o poema uma leitura contemplativa, que convida o leitor a enxergar o divino nas coisas mais cotidianas e a encontrar força na fé para enfrentar os desafios da vida.

 

Poeta Hiran de Melo 


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