Tela Inacabada
Por Gelda
Moura
Tempestade sem causa, salão vazio
Eu com a tela inacabada
Mas não deixarei que o seu pincel
E as suas tintas, termine uma arte
Que sou responsável por ela
Escreva se quiseres minha história
Sem ter pressa, mas não conte
O que não sabes
Trago em mim o meu legado
Que já é pesado demais
Não gostaria que ter que construir uma muralha
Para proteger meus pensamentos e criações
O mundo me espera lá fora, e não o deixarei esperar
Reflexão – Uma leitura possível do poema:
Tela Inacabada
Já se sentiu como
se estivesse em um salão vazio, com a mente cheia de ideias, mas sem saber como
colocá-las no papel? O poema "Tela Inacabada" de Gelda Moura é tipo
um espelho dessa sensação, só que com muito mais metáforas e reflexões
profundas. A poetisa Gelda Moura nos leva a uma viagem pelo universo da
criação, onde a gente se questiona sobre quem realmente manda na nossa
história.
Tempestade sem causa, salão vazio
Quem nunca se
sentiu como se estivesse em meio a uma tempestade interna, sem saber a origem
da angústia? Essa imagem poética nos convida a refletir sobre nossos próprios
momentos de inquietação e vazio. O 'salão vazio' pode representar aqueles
momentos em que nos sentimos isolados, mesmo cercados por pessoas. A
'tempestade sem causa' nos lembra que as emoções nem sempre são racionais, e
que às vezes precisamos lidar com sentimentos complexos e inexplicáveis.
Eu com a tela inacabada
Quem nunca começou
um projeto e deixou pela metade? A "tela inacabada" é tipo nosso
caderno de rascunhos, cheio de ideias que ainda não ganharam forma. É a
representação do processo criativo, que nem sempre é linear e perfeito.
A imagem ‘tela
inacabada’ nos transporta para o ateliê
da poetisa, onde a criação está em pleno vapor. A 'tela
inacabada' é um convite para espiar o
processo criativo, com suas idas e vindas, suas hesitações e descobertas. Ela
representa a beleza da imperfeição, a jornada de transformar ideias em
realidade. A tela inacabada também pode simbolizar a incerteza da artista, a
dúvida sobre o rumo da obra, a busca pela pincelada perfeita.
Mas não deixarei que o seu pincel
E as suas tintas, termine uma arte
Que sou responsável por ela
Nestes versos, a
voz poética se ergue com força e determinação, reivindicando a autoria de sua
própria narrativa. Há uma clara recusa em permitir que forças externas,
representadas pelo 'seu pincel' e 'suas tintas', moldem sua história ou definam
sua arte. A imagem do pincel e das tintas sugere uma tentativa de controle, de
imposição de uma visão alheia. A poetisa, no entanto, se rebela contra essa
tentativa, reafirmando sua autonomia e seu direito de ser a única responsável
por sua criação.
Escreva se quiseres minha história
Sem ter pressa, mas não conte
O que não sabes
A recusa em
permitir que se conte 'o que não sabes' é uma poderosa afirmação da
autenticidade. A poetisa se recusa a ser reduzida a estereótipos, a ter sua
história distorcida por interpretações superficiais ou preconceituosas. Há uma
resistência à simplificação, à tentativa de encaixá-la em narrativas alheias. A
poetisa reivindica o direito de ser contada em sua totalidade, com todas as
suas contradições e nuances. Essa exigência de verdade é um ato de resistência,
uma forma de proteger sua identidade e sua história.
Trago em mim o meu legado
Que já é pesado demais
Todos nós carregamos
nossas próprias bagagens, né? O "legado" da poetisa representa as
experiências e aprendizados que moldaram quem ela é. E às vezes, essa bagagem
pode pesar muito.
Assim, a poetisa se
revela vulnerável, expondo a fragilidade de quem se sente sobrecarregada. A
expressão 'pesado demais' é um grito de socorro, um pedido de alívio. A poetisa
busca um espaço de respiro, um momento de descanso, um lugar onde possa se
libertar do peso do legado. Essa confissão de vulnerabilidade nos convida a
sermos mais empáticos com as dores dos outros, a reconhecermos que todos
carregamos nossos próprios fardos, e a oferecermos apoio e compreensão a quem
precisa.
Não gostaria que ter que construir uma muralha
Para proteger meus pensamentos e criações
A 'muralha' surge
como uma poderosa metáfora da necessidade de defesa, um escudo contra as
influências externas que ameaçam distorcer a visão da poetisa. A imagem evoca a
sensação de isolamento, de aprisionamento em um espaço onde a criatividade é
sufocada pelo medo do julgamento.
A poetisa anseia
por um ambiente onde possa compartilhar suas criações livremente, sem receio de
ter sua voz silenciada ou manipulada. A 'muralha' representa, portanto, a
antítese da liberdade criativa, um obstáculo à expressão autêntica. Todavia, a poetisa
Gelda Moura mostra que a gente não precisa se isolar para proteger nossas
ideias. A "muralha" representa o medo de ser julgado, mas ela prefere
a liberdade de compartilhar sua arte com o mundo.
O mundo me espera lá fora, e não o deixarei esperar
Este verso final
pulsa com um senso de urgência, um chamado irresistível à ação. A poetisa não
apenas reconhece o mundo lá fora, mas sente a responsabilidade de se juntar a
ele, de contribuir com sua voz e sua arte. A expressão 'não
o deixarei esperar' revela uma
determinação inabalável, um compromisso com o mundo e com a própria vocação. A
poetisa se recusa a se esconder, a se calar, a adiar o momento de compartilhar
sua visão. Há um senso de missão, de propósito, de que o mundo precisa de sua
arte e de sua voz.
Essa é a mensagem
final: nossa
voz tem poder e o mundo precisa ouvi-la! A poetisa Gelda
Moura nos incentiva a colocar nossas ideias para fora e a fazer a diferença.
Por fim
O poema Tela
Inacabada de Gelda Moura retrata uma luta interna, onde o eu lírico se vê
em um espaço de solidão e incompletude, tentando encontrar equilíbrio entre o
desejo de preservar sua criação e a pressão do mundo exterior. Há uma reflexão
sobre a responsabilidade artística, o medo de exposição e a necessidade de se
proteger de interferências externas, especialmente quando se lida com o peso do
próprio legado. As imagens e metáforas criadas pela autora falam diretamente da
relação entre o sujeito e sua arte, explorando a fragilidade do processo
criativo e a necessidade de um espaço seguro para sua manifestação genuína.
Assim, "Tela
Inacabada" é um poema que nos inspira a valorizar nossa própria voz e a
lutar pela liberdade de expressão. A poetisa Gelda Moura nos mostra que a
autoria é uma jornada constante, cheia de desafios e descobertas. Então, pegue seu
caderno, solte a imaginação e deixe o mundo conhecer a arte que existe dentro
de você!
Poeta Hiran de Melo
Belo,sublime, inigualável
ResponderExcluirÉ a forma como sentes e descreve.
Sinto-me honrada ,em estar fazendo parte dessa sua arte de interpretar e abrilhantar,minha poesia..