O ÓDIO INCONSCIENTE
Por Alveriano
Dias
O ódio suplanta a consciência e a razão.
Faz com que a luz do dia seja noite,
Anulando a verdade sem percepção.
A compreensão se arrasta pelo chão,
Quando sua voz soa como açoite.
O seu rancor é a nossa condenação.
Nada escapa da sua incompreensão.
Tudo é encarcerado sem salvação.
Reflexão – Uma leitura possível do poema:
O ÓDIO INCONSCIENTE
O poema ‘Ódio Inconsciente’,
de Alveriano Dias, desvela a natureza corrosiva do ódio, uma força que se
manifesta com particular virulência quando enraizada no inconsciente. Através
de uma linguagem densa e carregada de simbolismo, o poema convida o leitor a
uma jornada introspectiva, explorando os recantos sombrios da psique humana.
Estrutura e Forma
O poema se
configura como um indriso, forma poética caracterizada por dois tercetos
seguidos de dois monósticos. Essa estrutura, concisa e impactante, contribui
para a intensidade da mensagem, concentrando o poder destrutivo do ódio em
versos cuidadosamente elaborados.
A estrutura também auxilia na progressão do tema. Os
tercetos iniciais apresentam a ação do ódio e suas consequências sobre a razão
e a percepção. Os monósticos finais, por sua vez, representam a culminação do
processo destrutivo, a totalidade do "encarceramento".
Linguagem e Figuras de Linguagem
A linguagem utilizada é predominantemente
conotativa, carregada de simbolismo e metáforas, o que permite ao autor
explorar a complexidade do tema de forma mais profunda.
Cada verso,
meticulosamente esculpido, contribui para a atmosfera de opressão e desespero
que permeia a obra. A escolha de palavras como "noite",
"açoite" e "encarcerado" evoca imagens poderosas, pintando
um quadro sombrio do estrago causado pelo ódio.
"A
luz do dia seja noite" é uma metáfora
que ilustra a inversão da ordem natural, a perda da clareza e da racionalidade
sob o domínio do ódio.
"Sua voz soa como açoite" é uma metáfora que evoca a violência e a dor
infligidas pelo ódio, tanto ao indivíduo que o sente quanto àqueles que o cercam.
As metáforas, como
"a
luz do dia seja noite" e "sua
voz soa como açoite", transcendem
a mera descrição, transportando o leitor para o epicentro da emoção destrutiva.
A razão, outrora guia, é obscurecida, e a percepção da realidade se distorce,
aprisionando o indivíduo em um labirinto de sofrimento.
O "encarceramento", metáfora central do poema, representa a
prisão emocional e psicológica imposta pelo ódio. A ausência
de salvação, expressa no verso final,
ressalta a força avassaladora dessa emoção, capaz de aniquilar a esperança
e a redenção.
Por fim
O poema pode ser visto
dialogando com outras obras que exploram o tema do ódio, tanto na literatura
quanto na filosofia e na psicologia.
O tema do ódio inconsciente possui grande relevância
social, especialmente em um contexto marcado por polarização e intolerância.
Poeta Hiran de Melo
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