CABO BRANCO
Por Cecília
Nóbrega
Verde mata
Lindo sonhos
Brilho, luz
Assim te vejo
No seu mar
Apaixonados
Guardam
Sonhos
Vida
Segredos
Assim tu és
Oh! Cabo Branco
No meu ser
Transmuto
Efêmero.
Reflexão – Uma leitura possível do poema
O poema "Cabo
Branco", de Cecília Nóbrega, é uma expressão sensível e poética da relação
entre o eu lírico e a natureza, mais especificamente com a paisagem do Cabo
Branco. A poetisa transmite uma visão apaixonada e quase mística da beleza
desse lugar, que se funde com sentimentos profundos e íntimos do sujeito que
observa.
A estrofe linha,
"Verde
mata", é um início breve, mas extremamente
evocativo. O termo "verde" já nos
remete à ideia de vida, frescor e natureza, enquanto "mata" adiciona uma sensação de intensidade, de algo
vasto e selvagem, revelando uma conexão com a natureza em sua forma mais pura.
Este contraste entre beleza e força é repetido ao longo do poema, criando uma
tensão que dá vida à paisagem.
A sequência "Lindo
sonhos / Brilho, luz" é uma
construção que flui de maneira quase etérea, como se o poeta estivesse
descrevendo algo imaterial, uma visão idealizada do lugar. A combinação dessas
palavras com um ritmo suave cria a sensação de um sonho, ou de uma memória que
se reflete na mente do eu lírico. Essa sensação de leveza é importante, pois a
natureza descrita no poema não é apenas observada, mas também sentida, quase
como uma experiência espiritual.
"Assim
te vejo / No seu mar", seguida de
"Apaixonados
/ Guardam / Sonhos / Vida / Segredos", imprime uma
carga emocional intensa no poema. O mar, como símbolo da vastidão, do
misterioso e do infinito, traz à tona uma visão do Cabo Branco como um lugar
cheio de mistérios e histórias não contadas. As palavras "apaixonados" e "segredos"
sugerem uma intimidade profunda com o local, como se o eu lírico sentisse o
Cabo Branco não apenas com os olhos, mas com a alma.
A construção "Assim
tu és / Oh! Cabo Branco" eleva o
poema a um tom reverencial, quase de adoração. Ao chamar o lugar pelo nome, o
eu lírico estabelece uma conexão direta e pessoal com ele, como se o Cabo
Branco fosse uma entidade viva e vibrante, que influencia profundamente o ser
de quem o observa.
A última estrofe,
"No
meu ser / Transmuto / Efêmero", encerra o
poema de forma enigmática e contemplativa. A palavra "transmuto" sugere transformação, e a escolha de "efêmero" reflete a natureza passageira e, ao mesmo
tempo, sublime da experiência. O eu lírico parece sugerir que, ao vivenciar o
Cabo Branco, algo nele se transforma — talvez uma percepção mais profunda da
vida, da natureza e de si mesmo. O uso de "efêmero" reforça a ideia de que, apesar da intensidade
do momento, ele é breve e fugaz, como a beleza que o Cabo Branco representa.
O ritmo do poema,
com seus versos curtos e diretos, reflete a fluidez e a leveza da natureza, e a
escolhas de palavras e sons que criam uma musicalidade visando aproximar o
leitor da experiência de contemplação. As imagens do mar, dos sonhos, da vida e
dos segredos acrescentam uma dimensão sensorial ao texto, fazendo com que o
Cabo Branco se torne mais do que um lugar geográfico, mas uma representação do
mistério e da beleza da existência.
Por fim,
"Cabo Branco" é muito mais do que um simples poema sobre um lugar
paradisíaco. É um convite à reflexão sobre a natureza, as emoções e a nossa
própria existência. A originalidade deste poema reside na forma como ele
conecta a natureza à experiência humana, convidando-nos a uma instigante
reflexão sobre nós mesmos e sobre o mundo ao nosso redor.
Poeta Hiran de Melo
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