Por que falar do amor?

 


Sou dos preferem

A leveza do ser

Dos que a procuram

Pelo simples prazer

 

Sou daqueles

Que gostam do orvalho

Que a vaidade seja

A última carta do baralho

 

Sou dos que amam o lírico

Que curtem o entardecer

Dos que detestam pobres de espíritos

Dos que aceitam dignos, o envelhecer

 

Sou dos que comem a verdade

Dos que dormem seguros

Dos que choram saudades

Dos que amam no escuro.

 

M. H. P. - Poema Classificado na Categoria Consagrados, na Quinta Seletiva de Poesias, Contos e Crônicas em Barra Bonita - SP. Em 15/05/2007.

 

E por que não falar? Se Deus é amor. Preciso lhe falar do amor porque ele habita em você, habita em mim. Se não falo do que me faz respirar, como vivo eu estaria? Necessito do sopro divino que tonifica o corpo e alimenta a alma. “Sou dos que preferem a leveza do ser”.

 

Falar do amor é aceitar a imensidão que ilumina o meu ser. Que me fez de poeira de estrelas, luz no mundo. Da imensidão dos oceanos, sal da terra. “Sou dos procuram a leveza do ser pelo simples prazer amoroso”.

 

Falar do amor é dar sentido a existência humana aqui e agora na terra. Do encontro de seres que se constituem família, que geram filhos, que produz prosperidade.

 

O que faria com que você renunciasse os prazeres imediato oferecidos pela vida, para se dedicar aos estudos e trabalhos? Se o amor não desse sentido a todos os sacrifícios, por que fazê-los?  Em verdade, todos sabemos que para chegar ao oásis é preciso atravessar o deserto, de preferência acolhe-o como o caminho, jamais como um obstáculo. “Sou daqueles que gostam do orvalho” das manhãs.

 

Se o amor não desse sentido a todos as tarefas que se apresentam, por que fazê-las? Pela vaidade? Mas se tudo fosse vaidade, tudo seria apenas uma ilusão, que se esvai tão logo um desejo é saciado.  Há algo profundo que lhe move no sentido do desenvolvimento da sua humanidade. “Que a vaidade seja a última carta do baralho”.

 

Esse algo profundo é a consciência que você é filho da Imensidão, do Altíssimo, do Libertador, do Eterno Desperto. Conforme seja a sua expressão cultural. Ou conforme Deus se apresenta ao seu grau de entendimento. Assim se faz necessária a abertura ao outro. Compreendendo que a tolerância a visão do outro, não implica em adesão incondicional ao diferente. Como anuncia a alma do poeta, é necessário fortalecer as próprias raízes para se permitir voo nas direções do vento. Lembrando que o vento sopra em todas as direções.

 

Eu sei que sentisse filho da Imensidão não lhe faz um vaidoso. Ao contrário, lhe traz humildade. Desta a compreensão dos húmus, da terra, de ser filho da terra e assim ser fértil. E esta fertilidade acolhe o amor que em você habita. “Sou dos que amam o lírico, que curtem o entardecer”.

 

Por que falar do amor quando assistimos as barbaridades das guerras? Exatamente porque só no amor encontraremos a paz. Só no amor poderemos acolher os estrangeiros e aceitar as suas estranhezas. Só no amor poderemos aceitar traços estranhos que surgem na nossa face como marcas dos tempos vividos. “Sou dos que detestam pobres de espíritos. Dos que aceitam dignos, o envelhecer”.

 

Por que falar do amor quando assistimos o aumento dos distanciamentos entre as pessoas? Exatamente porque só o amor proporciona a aproximação. Cumprir o mandamento de “amar o próximo com a ti mesmo” se dar derrubando as barreiras criadas pelos distanciamentos. “Sou dos que comem a verdade, dos que dormem seguros, dos que choram saudade, dos que amam no escuro”.

 

Por quê falar do amor, quando assistimos o domínio das tecnologias da informação permitindo que as pessoas conversem muito mais com os distantes do que com o próximo? Compreendendo que você pode cancelar um “amigo”, um seguidor, mas não pode deletar um amigo em verdade. Exatamente porque ele é o seu próximo. “E não vejo a solidão como tristeza, vejo como opção”. Exatamente por isso precisamos falar do amor.

 

Conhecer para poder acolher, acolher para poder amar o outro. Estas etapas também são válidas para você. Conhecesse para poder se acolher, acolhesse para pode se amar. Condição necessária para poder amar o outro. Como diria em outros reveladores versos:

 

“Não vejo erros

Como defeitos

Vejo como um conjunto

De erros e acertos

Acertos serão”.

 

Conhecer exige movimento. Na área do conhecimento do sujeito, do outro, isto pode significar que conhecer exige flexibilidade, tolerância às atitudes, aos discursos e às visões possuídas pelo outro. Mas, pode significar muito mais.

 

“Não vejo silêncio

Como desprezo

Vejo como respeito

Todo o silêncio

É conversa com o coração”.

 

O problema de conhecer o outro não se resolve apenas com o movimento do observador, pois é preciso que o observado tenha o mesmo desejo. Queira ser visto completamente. Caso contrário, ele também se movimentará, de modo a deixar visível, apenas, uma face. Aquela que lhe convém no momento. Assim:

 

“Não vejo as coisas do mundo

Como insanas

Vejo como um

Aprender constante

Liberdade pulsante

Espiritualização”.

 

Por que devo falar do amor? Também encerra uma verdade contida na oração que o Deus Encarnado na Humanidade nos ensinou nos setes pedidos.

 

Pai Nosso que estais nos céus, ... perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...

 

Precisamos perdoar o outro antes de pedir o perdão para nós mesmos. Mas por quê? Como é possível perdoar quem nos tem ofendido? Claro, tudo é possível no amor. Pois quando se ama mais amor se tem para oferecer. Simplesmente assim precisamos falar do amor, sempre e em qualquer lugar.

 

Por que devo falar do amor? Ora! Porque dele sempre falei, nele me expressei e nele vivo.

 

Majda Hamad Pereira & Hiran de Melo

Campina Grande, 11/04/2022

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