Graça e Paz – Capítulo 3

“Meus amados irmãos, se desde a meia-noite, quando encerramos nossos últimos trabalhos, mantêm as mãos limpas, coloquem as luvas.”

 

Desenvolvimento da atenção

 

Por que a sessão de uma loja maçônica obedece a um rito?

 

A resposta mais imediata seria a necessidade de organizar os trabalhos. No entanto, a razão que fundamenta a utilização de ritos nas lojas maçônicas é muito mais profunda. Os ritos maçônicos, com suas simbologias e gestos precisos, proporcionam uma experiência única e transformadora, conectando os maçons à rica tradição da Ordem e fomentando o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal.

 

Quando nos referimos ao rito maçônico, estamos falando das práticas ritualísticas realizadas nas lojas simbólicas. É importante ressaltar que, embora existam diversos ritos maçônicos, como o Escocês Antigo e Aceito e o Adonhiramita, todos eles compartilham uma base comum e visam aos mesmos objetivos. Essa diversidade, na verdade, enriquece o patrimônio maçônico e demonstra a adaptação do rito às diferentes culturas e épocas. Por exemplo, o ritual de abertura de uma loja, com suas procissões e orações, simboliza a busca pela luz e a união dos irmãos em torno de um objetivo comum.

 

A nossa resposta à questão é que o rito é um só, todavia, comporta variantes que recebem nomes distintivos, tais como: Rito Escocês Antigo e Aceito, Rito Adonhiramita, Rito Brasileiro e outros. Ou seja, disto decorre a ilusão de que existe uma constelação de ritos, quando na verdade temos um conjunto de variações de um único rito.

 

Os elementos do rito maçônico estão bem representados nos símbolos do Painel do Aprendiz maçom. Além disso, cópias das variantes do rito estão disponíveis na internet. Para tanto, voltaremos nosso olhar para o cortejo de entrada de uma das variantes deste rito maçônico básico ou fundamental, com o objetivo de compreender a razão profunda de sua existência nas sessões da loja.

 

No átrio, depois de verificado que todos os irmãos estão devidamente vestidos e portando as suas insígnias, e diante da porta do Templo, o Mestre faz soar uma forte batida com as palmas das mãos e, com voz solene, diz: “Meus Amados Irmãos, se desde a meia-noite, quando se encerraram os nossos últimos trabalhos, conservastes as mãos limpas, calçai as vossas luvas”.  

 

As luvas, símbolo da pureza e da proteção, representam a necessidade de nos apresentarmos a este trabalho com a consciência limpa e o coração puro. Com essa exigência, fica estabelecido um requisito fundamental para participarmos desta sessão: a pureza de nossos atos.

 

Para que uma sessão maçônica seja eficaz, é preciso que seja conduzida com a mesma reverência que dedicamos à oração em comunidade. Afinal, a maçonaria é uma fraternidade espiritual, e a oração nos une em um propósito comum: a busca pela luz e pela verdade. Não é por acaso que, antes de entrar no Templo, proferimos uma oração: ela nos sintoniza com a energia do grupo e nos prepara para o trabalho espiritual que realizaremos.

 

No final de cada sessão da loja maçônica, espera-se que seus obreiros estejam mais harmoniosos entre si e consigo mesmos. O rito maçônico é o caminho para alcançar e cultivar essa harmonia, que é um processo contínuo de autoconhecimento e aprimoramento. A cada encontro, os maçons se aproximam mais de si mesmos e dos seus irmãos, construindo uma comunidade baseada nos princípios da fraternidade e da solidariedade.

 

Reconhecemos que a inclusão de assuntos administrativos nas sessões maçônicas pode comprometer a eficácia dos trabalhos. A discussão desses temas frequentemente gera divergências e alonga desnecessariamente as reuniões, desviando o foco do principal objetivo da Loja: o trabalho espiritual e a fraternidade. Consequentemente, recomendamos que questões de natureza burocrática sejam tratadas em sessões administrativas específicas, separadas das sessões litúrgicas. Dessa forma, garantimos que o tempo dedicado aos ritos seja utilizado de forma plena, permitindo que os maçons vivenciem uma experiência mais profunda e significativa.

 

A atenção constante exigida pelo rito maçônico, presente em todas as sessões semanais, leva o obreiro a uma jornada de autoconhecimento. Assim como a prática constante de um instrumento musical aperfeiçoa o músico, a repetição do ritual aperfeiçoa o maçom, conduzindo-o a uma maior conexão consigo mesmo e com o Criador. A cada sessão, o maçom aprofunda sua compreensão dos símbolos, dos gestos e das palavras, revelando novas camadas de significado e fortalecendo sua fé nos rituais e sua esperança na Maçonaria.

 

Exortação

 

Amados irmãos, São Basílio nos ensina que o caminho para Deus passa pelo autoconhecimento. Ao prestarmos atenção a nós mesmos, aos nossos pensamentos, sentimentos e ações, estamos, na verdade, prestando atenção ao Criador.

 

Que estas palavras nos inspirem a cultivar a atenção plena em nossas vidas, transformando cada sessão maçônica em um momento de profunda reflexão e conexão espiritual.

 

Comprometamo-nos a trilhar este caminho de autodescoberta, buscando sempre a harmonia interior e a união com o Grande Arquiteto do Universo.

 

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, dezoito dias do mês de setembro do ano de 2013 da Revelação da Palavra que salva.


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