Graça e Paz – Capítulo 8


Manhã de Sol

 

Manhã de domingo, céu azul, sol pacífico que ilumina, aquece e não queima. Visto a minha melhor roupa e dirijo-me à Casa do Pai. No caminho encontro amigos que seguem na mesma direção.  Estamos todos alegres e plenos de esperança. Afinal, teremos oportunidade de nos livrarmos dos pecados cometidos durante a semana e, assim, participarmos da ceia da salvação.

 

Quero dizer, participar de quase tudo. Eu só poderei participar em parte. Estou proibido de receber o pão e o vinho da comunhão. Já que pertenço a uma família de maçons. O que vale dizer: além da iniciação católica cristã recebida na infância, tenho também a iniciação maçônica recebida na maturidade. As duas encaminhadas pelo meu pai, que há muito já levava a dupla pertença.

 

Na época de papai, esta condição de dupla pertença era algo muito grave, gravíssimo. Ele não só estava impedido de participar plenamente da Liturgia da Missa Católica, como também, já não havia sido excomungado graça à cumplicidade de muitos que faziam vista grossa a esta condição. Afinal, como não fazer? Papai fora considerado um homem livre e de bons costumes. Dentre esses, a prática permanente da filantropia. E, sempre encaminhava os filhos pela fé católica.

 

É claro que papai não era apenas um templo de virtudes. Era, igualzinho a todos nós, santo e pecador. Daí a necessidade de irmos aos domingos à Missa Sagrada. Redimirmos dos nossos pecados pela intercessão da Virgem Maria e pela Paixão do Filho Jesus.

 

Confesso que deste pequenino tinha um medo danado daquela imagem do Deus pregado na cruz. Entendia nada, não. Mas os mistérios da fé não são para serem entendidos, mas para serem acolhidos no coração. E, assim o fiz. Muito mais tarde, o irmãozinho Francisco me apresentou outra face do divino. A do Deus menino, que como todos nós, sorria, corria, cantava e se sentia um com o Pai. E assim, não houve mais lugar para o medo da cruz.

 

Hoje ajoelhado pedindo perdão ao Cristo pelos pecados, e recebendo bem mais em acréscimo, enxergo a condição do sacerdote que é obrigado a não me oferecer o pão e o vinho. O vejo constrangido, logo ele que representa na liturgia o próprio Cristo, negando a um devoto a comunhão com o corpo místico de Deus? Elevo os meus olhos para os céus e vejo o cordeiro de Deus, que sorri, e confio mais uma vez que só Ele tira os pecados do mundo.

 

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, 30 de agosto, do ano 2013 da revelação do nome de Deus.


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