A Morte de Eva – V 

Que mais eu poderia fazer?

 

Vários invernos chegaram e se foram ao longo de muitos anos. Neste ano, Eva estava muito mais distante de mim. Raramente nossos olhares se encontravam. E quando acontecia o encontro, eu não sentia amor em seus olhos. Nestes instantes, os olhos eram espelhos para o sofrimento.

 

Além disso, Eva vivia cantando alegremente os ‘Pássaros de Fogo’. Canção que convida a um novo amor, a uma nova paixão. Nesta nova paixão não haveria nós dois. A cobra sorria e Eva cantava.

 

Dançamos pela última vez juntos na festa em homenagem a São João, lá fora não havia fogueira, apenas cinzas dentro de mim. Um novo dia chegou e Eva partiu alegremente, prometendo que logo voltaria e nunca mais voltou.

 

Esperei por três dias e por longas noites sem sono. Tudo estava consumado. A espera terminou no início do quarto dia, quando o sol voltou a brilhar.

 

Contemplo o céu durante o dia e só vejo uma estrela. Sob a noite, porém, inumeráveis estrelas se apresentarão. O que muito ilumina, também muito esconde. É simplesmente assim. Lá ao longe uma nova estrela nasce e outra morre. Tudo passa. Um poeta diria: e tudo volta. Mas, não volta igual.

 

- O que há a concluir? Nada há a ser concluído. Nada há a ser aprendido, tudo era uma ilusão de ser um deus, sem estar voltado ao Pai. Da árvore do conhecimento do bem e do mal apenas se obtêm ilusões.

 

O real, a vida, vem da árvore da vida. O real vem gratuitamente, está em todos os lugares e em tudo que o Pai criou. Basta inspirar que se recebe o sopro da vida.

 

O caminho de volta para casa é simples. O Pai deixou a porta aberta e enviou o Filho para lembrar aos esquecidos que ela continua aberta. Havia esquecido que sou filho do Pai e que me bastava apenas nunca esquecer.

 

Eva chorou, porém, seus filhos riem, descobrem que somos todos filhos de um mesmo Pai e isso é o que importa; por isso, o poeta anunciava e anuncia, não uma lei, mas uma profecia: "Serás feliz! Não matarás!"

 

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, aos 14 dias do mês de julho do ano 2011 da revelação do nome de Deus.

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