Agora & Antes – Capítulo 5

A morte do guerreiro

 

Em uma prisão italiana, um prisioneiro político morrendo arquiteta uma estratégia de vitória com o mínimo custo de vidas humanas. Cercado por muros, ele reconhece a impossibilidade de vencer em um confronto direto de forças, seja militar ou econômico. A solução, segundo ele, reside na destruição de uma suposta superestrutura ideológica que, sob a falsa promessa de progresso humano, oprime e controla.

 

Essa superestrutura ideológica, a ser desmantelada, é composta por um conjunto de valores tradicionais, centrados na bandeira “Deus, pátria e família”. Na sua mente, tudo o que era considerado absoluto e imutável passaria a ser questionado e relativizado. A realidade, antes vista como estática, revelar-se-á fluida e mutável ao longo do tempo. Valores ancestrais serão reinterpretados e, muitas vezes, descartados como resquícios de um passado religioso e opressor.

 

Febril, imaginou transformações sociais invadindo o cotidiano das pessoas, desconstruindo os papéis tradicionais. A distinção entre pai e mãe, baseada no sexo biológico, é cada vez menos relevante. Pessoas do mesmo sexo podem constituir famílias, e o que vale será a função exercida, não a genitália. A ideia de um destino predeterminado pelo sexo será questionada, dando lugar à liberdade de escolha e à expressão de gênero.

 

A educação está sendo profundamente transformada, refletindo as mudanças sociais. A brincadeira com armas está sendo substituída por atividades mais inclusivas, como o brincar com bonecas e bonecos, desafiando os estereótipos de gênero. A linguagem formal e erudita está perdendo espaço para uma linguagem mais popular e próxima da realidade dos alunos. Os professores estão exercendo o papel de mediadores culturais, aprendendo com os alunos e incorporando novas perspectivas em suas aulas.

 

Confinado em uma prisão italiana, o prisioneiro sonha com uma nova era. Com um sorriso esperançoso, ele antevê um mundo onde seus ideais de igualdade e fraternidade se tornarão realidade. Paradoxalmente, a cela se torna o berço de uma nova utopia, que transcende as divisões sociais e as hierarquias de poder. Os gritos dos oprimidos, silenciados ao longo da história, ressoam em seus escritos, inspirando uma luta por um futuro mais justo e humano.

 

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, 5ode agosto do ano 2013 do encontro com a palavra perdida.


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