A Morte de Eva – I
Aceitas
a Maçã que te dou?
Eu que possuía olhos para tudo, mas naquele dia, só
vi Eva. Seu sorriso transmitia um encanto irresistível. A macieira lhe fazia
sombra e realçava o olhar. Aceitei o que ela me ofereceu sem pensar no pecado.
Sorri igual ao sorriso de Eva, fizemos das nossas
bocas uma única boca, e por um breve instante apreciei um prazer infinito e
logo depois conheci a dor que nos abrasa e tornou nossas vidas finitas.
Todavia, antes, naqueles tempos do paraíso, não
havia necessidade de pensar, tudo nos era dado independentemente dos nossos
méritos. Bastava obedecer a uma regra muito simples. Não comer do fruto da
macieira, e assim que a transgredimos, imediatamente começamos a criar.
Percebemos que estávamos nus, embora este fosse o
estado natural de todos os seres. A primeira coisa que criamos – como se
fossemos deuses – foi algo para esconder a nossa nudez. Sentíamos frio e fomos
à busca de algo para chamar o fogo. E, este, seria daí para frente o nosso
parceiro nas obras de criação.
Geramos filhos e dominamos todos os demais seres
visíveis existentes na Terra. Muitas obras foram criadas pelos nossos descentes
em meu nome. Chamaram-me o Primeiro Homem. Tornei-me eterno nas obras dos meus
filhos, dos meus netos... criamos impérios em nome do Poder da Árvore do
Conhecimento.
De onde veio aquele sorriso? Meus descendentes
atribuíram a um ser invisível cuja forma é atribuída à serpente, símbolo da
Sabedoria. Sendo assim, Eva conheceu a Sabedoria primeiro que eu e se fez
cúmplice no pecado que cometi.
Dizem-me que o sorriso que Eva portava não era seu.
Pertencia ao invisível que lhe seduziu e escravizou. Mas se eu o reconheci e o
acolhi, ele de alguma forma já existia em algum lugar dentro de nós.
Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, aos 16 dias do mês de junho do ano 2011 da revelação do nome de Deus.
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