O Sagrado Feminino - Na Direção do Oriente

Amados Irmãos, um dia de Sol.

Muito nos honra a leitura das nossas postagens pelos amados irmãos. Particularmente a generosidade de quem faz comentários.

Os irmãos sabem e muitos são testemunhas que todos os nossos esforços são no sentido de consolidar o Grande Oriente da Paraíba - GOPB e lhe proporcionar um glorioso futuro.

Nunca nos colocamos no sentido de enfraquecer a Ordem Maçônica e o GOPB em particular.

Precisamos ser honestos e reconhecer que os landmarques foram importantes no início da maçonaria, mas hoje quem os observa completamente fica preso ao anacronismo.

O Grande Oriente da Paraíba já percebeu este fato a muito tempo de modo que os landmarques do quarto ao oitavo não são plenamente observados no GOPB, e, acredito nas demais potências maçônicas simbólicas brasileiras. Uma vez que eles dão um caráter absolutista à administração de uma obediência maçônica, enquanto que a maçonaria pretende ser uma instituição democrática.

Na verdade, o governo de uma obediência hodiernamente é exercido por três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Todavia, em situações excepcionais, as lojas podem solicitar ao Grão-Mestre o exercício das prerrogativas estabelecidas nos landmarques sexto e oitavo. A criação e a extinção de lojas obedecem aos procedimentos estabelecidos na Constituição e no Regimento Geral da obediência, todavia algumas exigências podem ser dispensadas pelo Grão-Mestre.

Mas vejamos os landmarques 18º e 25º são muitas vezes citados para impedir a presença da mulher nos quadros da maçonaria. Observemos:

18º Só serão aceitos na Maçonaria cidadãos do sexo masculino, fisicamente saudáveis, em todos os sentidos livres e de bons costumes.

Comentário: Este landmarque proposto em uma época de grandes dificuldades de reuniões em associações fora da Igreja ainda hoje é obstáculo para o desenvolvimento pleno da maçonaria. A exigência de que o candidato a Ordem seja livre e de bons costumes é comum a qualquer organização social, todavia a exclusão de pessoas do sexo feminino é lamentável. O homem na sua inteireza acolhe o princípio masculino (vigor) e o princípio feminino (ternura). Talvez por entrever isto, é que a maçonaria simbólica ostenta nos seus templos os símbolos dos sagrados: masculino e feminino - a exemplo do sol e da lua ou do abraço do esquadro e do compasso sobre o Livro da Lei. Talvez seja a exclusão do feminino a razão da existência de tantas cisões maçônicas. Estar mais do que na hora da Maçonaria acolher os exemplos de São Francisco e de Santa Clara: amar todos os seres e as todas as coisas criadas pelo Grande Arquiteto do Universo.

25º Nenhum Landmarque jamais será suprimido ou alterado, nem outros serão acrescentados.

Comentário: Um landmarque que se seguido trará uma petrificação a obras dos pedreiros. Em verdade, ele não é observado pelas potências maçônicas contemporâneas.

O único motivo a continuarmos a observar o landmarque décimo oitavo é o reconhecimento do GOPB pelas potências anacrônicas, a exemplo do Grande Oriente da Inglaterra.

Valeria o preço da petrificação do Grande Oriente da Paraíba, nos limites dos landmarques tradicionais, em troca de um número crescente de acordos de mútuo reconhecimento?

Acordos tão frágeis, de duração curta e de uso incerto. Nossa resposta é um definitivo não.

É um grande equívoco proibir o ingresso da mulher na maçonaria em troca de acordos de mútuos reconhecimentos.

Precisamos ter coragem e bom senso. Precisamos dá um passo à frente incorporando à nossa instituição professoras, médicas, engenheiras, arquitetas, juizas, advogadas, administradoras, filósofas, empresárias, deputadas, senadoras, chefes de governo de municípios e de estados... Mulheres.

Se continuarmos aceitando a prática do Rito Moderno que não rende glória ao Grande Arquiteto do Universo, como determina o landmarque décimo nono, porque deveremos observar a parte do landmarque décimo oitavo que descrimina a mulher?

O acolhimento do rito moderno, ou francês, deu-se para receber os agnósticos - que reconhecidamente só admitem os conhecimentos adquiridos pela razão e não reconhecem o saber revelado - ou apenas para o GOPB ostentar uma constelação de ritos sem que os seus obreiros reconheçam o significado da especificidade de cada um deles?

É necessário que zelemos pelas nossas raízes mais saudáveis e tenhamos abertura para o diferente. Abertura para o diálogo que permita que possamos acolher nossas mães, cunhadas, filhas e as demais mulheres que sejam livres e de bons costumes. Associações para-maçônicas, a exemplo das Samaritanas, separam o que por natureza é unido. A inteireza do ser humano se manifesta na acolhida na mesma pessoa, na mesma organização, dos princípios sagrados do masculino e do feminino.

A maçonaria universal deve respeitar o Livro da Lei e nele está escrito: “No princípio, Deus criou o ser humano à sua imagem: homem e a mulher Ele os criou”.

Está escrito como uma indicação de que no ser humano habita a Presença e o homem e a mulher são os principais ícones vivos do Vivente. Assim toda sociedade que deseja se estabelecer na paz e na harmonia necessita acolher os ícones vivos. Excluir um deles é equivalente a não aceitação da presença da Fonte da Vida.

As cisões, divisões e mesmo guerras entre irmãos se dão pela ausência da Paz que Ele nos veio gratuitamente oferecer. A paz não exclui, ao contrário inclui e integra a todos na sua própria inteireza divina.

Há maior problema do que a guerra entre irmãos? - Não. Todavia, de solução tão simples. Solução simples, mas de implementação árdua. Árdua porque implica na renúncia ao poder masculino que se baseia na força e na aplicação do método científico. No governo masculino não há lugar para a ternura e nem para as razões que o próprio coração desconhece.

Observemos que uma sociedade que se deseja justa e perfeita deve existir a acolhida aos princípios do masculino e do feminino. Mas também e principalmente em cada homem e em cada mulher devem ser acolhidos estes princípios que faz com que o ser humano de fato mantenha a sua filiação divina.

Amados amigos e irmãos suplicamos ao Grande Arquiteto do Universo que nos ilumine e permita que possamos deixar “os mortos cuidando dos seus mortos”, de modo que a nossa potência seja guiada na direção do Oriente.

Fraternidade, Força e União para todos nós na Paz da Pura Luz.

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, 6 de outubro de 2007 da Revelação do Cristo.