O Arco Íris Maçônico – Capítulo 16
Os Quatro
Primeiros Passos da Iniciação
Resumo
Este artigo explora os quatro primeiros passos da
jornada iniciática na Maçonaria, apresentando-os como um processo de
autodescoberta e transformação espiritual. O autor destaca a importância da
conexão com a divindade interior e a busca pela sabedoria. O texto aborda a
experiência do numinoso, a aplicação do simbolismo maçônico, a busca por
conhecimento e a superação da dúvida como etapas essenciais desse processo. O
autor enfatiza a importância da comunidade maçônica como um espaço de apoio e
crescimento, onde os irmãos podem compartilhar suas experiências e desafios.
Palavras-chave: Maçonaria, iniciação,
autodescoberta, transformação espiritual, numinoso, simbolismo, conhecimento,
dúvida, fé.
Os antigos mestres maçons Adonhiramitas ensinavam
que o mistério da tríplice manifestação de Deus pode ser compreendido pela
alegoria do Rio. A fonte do Rio é o Pai – transcendental, este é o Filho –
imanência, e o Espírito Santo é a consciência da existência da Fonte no
reconhecimento da encarnação do Cristo em Jesus – Mestre da Gnose da Vida. Portanto, viver no
Reino de Deus é ter essa consciência da tríplice
manifestação do divino e reconhecer que em cada um de nós habita a fonte da
vida eterna, derivada da nossa filiação divina.
Quem se reconhece como filho de Deus sofre uma
transformação tão imensa que pode se afirmar: morreu o homem velho e nasceu o
homem novo. Em outras palavras, na linguagem religiosa, afirma-se que ocorreu a ressurreição do
Cristo nesse obreiro que reconheceu seu verdadeiro Pai – a Fonte da Vida. Na
linguagem maçônica, por sua vez, afirma-se que ocorreu a ressurreição do Mestre
Adonhiram (Hiram na tradição escocesa) nesse obreiro que reconheceu no Caminho
do Mérito a Fonte da Vida Digna.
Na
Maçonaria, essa Fonte transcendente de luz é denominada Grande Arquiteto do
Universo. Essa denominação origina-se da alegoria do Mito da Construção da Casa
de Deus na Terra. Assim, cada iniciado é um artífice da Nova Cidade da Paz,
manifestada em sua conduta, guiada por um coração renovado e sábio.
Para desenvolver essa consciência e uma conduta
alinhada, a Maçonaria estabelece um processo de iniciação em sete passos.
O primeiro passo é a experiência do numinoso,
que pode ocorrer durante o Ritual de Iniciação ao Grau de Aprendiz Maçom ou em
qualquer outro momento em que a Graça Divina se manifeste. Um exemplo é a
sensação de conexão divina ao contemplar a pessoa amada.
O segundo passo envolve a aplicação do
simbolismo maçônico na transformação do aprendiz (a pedra bruta) em mestre (a
pedra polida), um processo semelhante à alquimia.
É importante lembrar que o aprofundamento nesse
método ocorre nas sessões semanais da Loja Maçônica. Aqui, apresentamos apenas
uma introdução.
Nesse segundo passo, é fundamental que o aprendiz
experimente uma transformação significativa e conte com o apoio de um mestre
experiente, cuja autoridade reside em sua sabedoria e não em seu cargo.
O terceiro passo envolve a busca por
conhecimento e valores, tanto em fontes literárias quanto em interações com
outras lojas. É comum que os irmãos demonstram grande entusiasmo ao participar
das reuniões, revelando um anseio por experiências mais profundas e sagradas.
O ambiente sagrado, os encontros fraternos e a
beleza dos rituais maçônicos oferecem consolo e renovação espiritual, aliviando
as dificuldades do dia a dia.
A busca incessante pelo sagrado, se não contrabalançada pela experiência da
Maçonaria real, com seus desafios e imperfeições, pode limitar o crescimento do
aprendiz. O confronto com vícios como a vaidade e a ambição, comuns em qualquer
instituição humana, marca o início do quarto passo iniciático.
Tradicionalmente, este quarto passo é
denominado "etapa da dúvida". Como é possível que tantos irmãos em
graus elevados não demonstrem, em suas ações, os valores da humildade,
fraternidade, respeito e amor ao próximo?
A superação da etapa da dúvida exige do obreiro uma
profunda autoanálise, culminando na revelação de uma fé que não teme a dúvida,
mas sim que reconhece a presença perene da Ordem, mesmo nos momentos de
incerteza.
Neste passo, o obreiro frequentemente se sente
isolado, pois a Maçonaria aborda a fé de forma mais profunda apenas nos graus
mais elevados. Como resultado, muitos maçons não conseguem superar essa etapa e
completar sua formação.
Amados irmãos, no próximo encontro, aprofundaremos
os três últimos passos da nossa jornada iniciática. A Ordem Maçônica é o nosso
lar, onde cultivamos a paz, a justiça e a fraternidade. Que o amor do Grande
Arquiteto do Universo, manifestado em Jesus Cristo, ilumine nossos corações e
guie nossos passos.
Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, 5 de dezembro de 2007 da Revelação do Cristo.
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