O Arco Íris Maçônico – Capítulo 17


O Esquadro e o Compasso

 

Resumo

 

Este artigo explora a simbologia do esquadro e do compasso na Maçonaria, relacionando-os aos princípios masculino e feminino e à manifestação da divindade. O autor argumenta que a união desses dois princípios, representada pela sobreposição dos instrumentos e pela presença do Livro da Lei, simboliza a harmonia cósmica e a busca pela perfeição humana. A geometria é apresentada como uma metáfora para a compreensão da realidade divina, onde os axiomas representam os dogmas religiosos e as demonstrações representam a busca pela verdade. A importância da inclusão de ambos os princípios, masculino e feminino, é enfatizada como fundamental para alcançar uma sociedade justa e harmoniosa.

 

Palavras-chave: Maçonaria, esquadro, compasso, simbolismo, princípio masculino, princípio feminino, divindade, geometria, justiça, amor, perfeição.

 

O esquadro e o compasso são instrumentos de trabalho da arte maçônica, mas são, sobretudo, símbolos. Ao abrir a Loja, esses instrumentos são posicionados um sobre o outro, conforme prescrito pelo manual do Rito do Grau. Todavia, mantêm uma disposição em que se voltam um para o outro, abertos para uma união harmoniosa. Ambos são colocados sobre o Livro da Lei, que também se encontra aberto.

 

Uma das possíveis interpretações dessa simbologia aponta para a presença do princípio feminino (Esquadro) e do princípio masculino (Compasso) na manifestação da divindade, representada igualmente pela palavra (o Livro da Lei) de Deus. A presença da Maçonaria, por vezes, é simbolizada por uma ilustração composta por esses mesmos elementos, com a letra G substituindo o Livro da Lei.

 

A tradição acolhe o Livro da Lei como o registro das audições humanas da palavra divina. Não se trata da própria palavra divina, mas do registro de como os escolhidos (profetas) a ouviram e a receberam. A letra G simboliza essa palavra divina. Alguns afirmam que a escolha da letra G se deu por ser a inicial da palavra geometria.

 

A geometria é um exemplo de verdade demonstrável. De fato, todos os teoremas (afirmativas) da geometria podem ser demonstrados. No entanto, essas demonstrações partem de pressupostos básicos (axiomas) cuja veracidade é aceita, mas não provada. Desse modo, não existe uma única geometria, mas várias, pois cada conjunto de axiomas escolhido gera um novo corpo de teoremas demonstráveis e, portanto, verdadeiros.

 

Semelhantemente, a origem das diferentes religiões reside na escolha de dogmas. Por essa razão, cada conjunto de dogmas distinto origina um novo credo. É interessante notar que tanto a ciência quanto a religião iniciam com uma escolha arbitrária de ferramentas teóricas. Diante disso, é natural representar o conhecimento divino ou humano por meio do símbolo da palavra, a letra.

 

A tradição reconhece a coexistência, na matéria, de dois princípios que se atraem. Na microestrutura da matéria, encontramos elétrons e prótons. Na psique humana, encontramos os princípios do vigor (masculino) e da ternura (feminino). Considerando esses aspectos, a Maçonaria escolheu o esquadro e o compasso, voltados um para o outro e abrigando a palavra, como símbolos das Luzes da Obediência. Essa escolha demonstra respeito pelas tradições que recebem o sagrado.

 

A trindade sagrada é representada na Maçonaria também por outras alegorias, como a presença do Sol, da Lua e do Delta (triângulo equilátero), este último posicionado entre os dois astros. No entanto, todos esses símbolos, herdados dos ancestrais fundadores da Obediência, não são suficientes para nos lembrar da necessidade de que todo maçom seja pleno de vigor e ternura.

 

Exemplos dessa insuficiência encontram-se: na proibição do acesso da mulher à Maçonaria e na existência de ritos voltados para o Sol (filhos do Sol) e outros voltados para a Lua (filhos da Lua). Não por acaso, os filhos da Lua costumam dizer-se irmãos mais amorosos.

 

A acolhida de apenas um princípio leva a uma sociedade desarmônica. Por exemplo: a aplicação da lei sem misericórdia, como a defendida pelos fariseus e denunciada por Jesus. O mesmo se aplica ao indivíduo que não acolhe o sagrado feminino e o sagrado masculino.

 

Amados Irmãos, devemos alertá-los de que nossa ação diária visa construir uma sociedade cada vez melhor, com o objetivo final de alcançar uma sociedade perfeita. Uma sociedade perfeita é aquela que equilibra sinergicamente o amor (princípio feminino) e a justiça (princípio masculino), ou seja, uma sociedade que pratica um amor justo e uma justiça amorosa.

 

Afirmamos que a justiça amorosa se baseia em nossa compreensão de que para ser justo, o juiz precisa compreender a pessoa humana, o que exige amor. A justiça e o amor são indissociáveis. O verdadeiro amor se manifesta quando sentimos responsabilidade pelo outro, buscando proporcionar a ele tudo o que ele pode ser.

 

Todos nós somos menos do que poderíamos ser e aspiramos a ser tudo o que somos capazes. Para ajudar alguém nesse processo, é preciso analisar, com cuidado, seus pontos fracos e oferecer críticas construtivas. Somente assim podemos auxiliar essa pessoa a superar desafios e aproveitar plenamente a vida.

 

Exortação

 

Construamos juntos um mundo melhor! Cada um de nós tem o poder de transformar vidas através da empatia e do apoio mútuo.

 

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, 12 de dezembro de 2007 da Revelação do Cristo.

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