O Arco Íris Maçônico – Capítulo 9


O Desafio em Aberto

 

Hoje apresentamos uma contribuição que exigirá um pouco de paciência. Trata-se, inicialmente, dos três grandes desafios que a humanidade no século passado enfrentou, mas não foi capaz ainda de resolver: a desigualdade de gênero, a desigualdade racial e a desigualdade nacional. Ao abordar este tema, seguiremos o roteiro apresentado por Iradj Roberto Egharari no texto intitulado ‘Um compromisso transreligioso’. Sempre que possível, repetiremos as palavras lá contidas, contudo não as destacaremos. Tão belas e profundas que se tornaram um presente para a humanidade, não precisam de proprietários.

 

Para vencer estes desafios, a humanidade precisa enfrentar um anterior, ainda em aberto: a aceitação da diversidade religiosa. Ou seja, a consciência de que a divindade, embora única, é percebida de maneiras distintas por cada indivíduo e cultura.

 

Essa diversidade de crenças religiosas é semelhante às fases da lua, que, apesar de suas diferentes aparências, representam um mesmo astro. A lua apresenta-se a todos nós ao longo do ano com diversas formas, diferentes graus de iluminação e, assim, com nomes diferentes. Esta diversidade de fases da lua muitas vezes leva ao esquecimento de que se trata de um mesmo astro e faz surgir a ilusão da existência de luas diferentes. Pior: faz surgir os partidários da Lua Nova, da Lua Crescente, da Lua Cheia e da Lua Minguante. Os partidários de cada fase da lua divergem sem se darem contas do essencial: todos são testemunhas do valor da luz que a lua transmite, independente da percepção que se tenha da posição dela em relação à terra.

 

Essa diversidade de manifestações religiosas, assim como as fases da lua, revela a mesma essência luminosa. Iradj afirma: Buda, Krishna, Cristo, Maomé, Bahá’u’lláh, Zoroastro, Moisés, são todas diferentes manifestações da mesma lua. E em seguida nos convida a assumirmos um compromisso de sermos adoradores da Luz e não da Lâmpada.

 

É nesse sentido que surge o desafio de transcender as diferenças de crença e cultivar uma espiritualidade que nos una, apesar da diversidade. Este é o desafio em aberto: fazer com que as percepções diferentes dos fatos não nos impeçam de viver plenamente o Ser que habita em todos nós.

 

É importante lembrar que Jesus, ao afirmar "Eu Sou", não se colocava como detentor da única verdade, mas sim como a própria Verdade encarnada. Aquele que diz "a minha igreja é a verdadeira" não compreende a profundidade dessa afirmação e se distancia do ensinamento de Cristo. Ao invés de buscar a verdade em doutrinas e instituições, devemos buscar a experiência direta da divindade dentro de nós mesmos.

 

A busca pela unidade na diversidade, como vimos, é fundamental para superarmos os desafios que persistem em nossa sociedade. Quanto aos três desafios inicialmente citados, é importante destacar que, embora tenham sido amplamente debatidos no século passado, ainda persistem em algumas áreas.

 

No entanto, é notável o progresso que já foi feito. Hoje, poucas vozes respeitáveis defendem a desigualdade entre homens e mulheres. As organizações que, em nome da tradição, excluem as mulheres de seus quadros, embora ainda existam, estão gradualmente se adaptando aos novos tempos. Assim como uma pedra bruta, que com o tempo se transforma em uma pedra polida, essas instituições estão evoluindo, tornando-se mais inclusivas e alinhadas com os valores de igualdade e justiça.

 

Essa evolução é um sinal de que a humanidade está cada vez mais consciente de que a cor da pele não determina o valor de uma pessoa. Nenhuma opinião respeitável é capaz de dizer que a cor da pele modifica a capacidade de um e de outro. Nem mesmo naquelas organizações arcaicas lembradas no parágrafo anterior, que, embora tenham sido fundadas com o objetivo de promover a fraternidade, a igualdade e a liberdade, ainda precisam se adaptar aos novos tempos e superar a desigualdade de gênero.

 

Manifestando uma esperança, Iradj afirma que pouco a pouco começamos a perceber também que diferenças de nacionalidade não são determinantes de diferenças entre seres humanos. Todavia, lembra que enquanto os que se colocam no caminho da religião não buscarem superar as diferentes percepções do divino, e assim continuarem adeptos, partidários sectários, de diferentes lâmpadas, não poderemos viver na paz anunciada por todos os profetas da Pura Luz.

 

A superação da desigualdade racial, de gênero e de nacionalidade está intrinsecamente ligada à capacidade de aceitarmos e respeitarmos as diferenças. É nesse sentido que a justificativa para ocupar este pequeno espaço na web e bater na sua porta se dá no convite para construirmos um novo caminho na própria caminhada para a superação do desafio em aberto.

 

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, 3 de novembro de 2007 da Revelação do Cristo.


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