O Arco Íris Maçônico – Capítulo 3


O conforto das trevas

 

Resumo

 

Este artigo explora a condição humana de se apegar a crenças e ideologias, limitando a visão de mundo e dificultando a aceitação da diversidade. Utilizando como metáfora a escolha entre a luz e as trevas, o texto discute a dificuldade de romper com paradigmas e dogmas, mesmo quando estes limitam a liberdade e o crescimento pessoal. Com base nas narrativas bíblicas de Jesus e seus discípulos, o autor argumenta que a busca pela verdade e a libertação do ego são processos desafiadores, que exigem constante vigilância e disposição para abandonar crenças limitantes. O texto convida à reflexão sobre a importância da tolerância, da abertura ao outro e da busca por uma visão de mundo mais ampla e inclusiva.

 

Palavras-chave: trevas, luz, crenças, ideologias, liberdade, ego, diversidade, tolerância.

 

Vive nas trevas aquele que se fechou em um único nível de compreensão simbólica e se identifica com esta interpretação. Algo semelhante ao seguinte: eu compreendo o mundo da forma que o meu pastor o apresenta, eu sou um discípulo fiel.

 

O discípulo fiel terá imensa dificuldade em aceitar e acolher as demais pessoas que não são discípulos fiéis do seu pastor. Ele se identificou tanto com a visão de mundo apresentada e defendida pelo seu pastor que qualquer fato ou opinião que não esteja de acordo com esta visão é uma ofensa, uma agressão a sua própria pessoa. O discípulo fiel irá à guerra para defender esta “sua” visão sagrada do mundo. Ele se apropriou de um discurso e se fez prisioneiro.

 

O Mestre diria que esta pessoa está doente e precisa ser salva. Salvar uma pessoa é equivalente a libertá-la da visão que a torna doente e sectária. Tarefa muito difícil, tarefa que o Filho de Deus aceitou como sua e doou sua vida para levá-la a bom termo. Coube a Simão Pedro a tarefa de dar prosseguimento.

 

Observemos que o apóstolo Simão, que é a pedra de referência da construção de uma sociedade liberta e libertadora, muitas vezes foi um obstáculo neste caminho.

 

Às vezes mesmo chamado de Satanás (o tentador) pelo próprio Mestre. Três vezes traidor. Mais vezes do que o próprio Judas. Embora se diferencie deste pelo arrependimento e por acreditar na misericórdia divina, enquanto Judas fez o seu próprio julgamento e executou a própria sentença.

 

Observemos também que ao escolher um pescador como pedra de referência, o Mestre aponta exatamente para esta qualidade do pescador: aquele que está a caminho. Todavia, seus novos discípulos, como mais tarde fizeram com Francisco de Assis, construíram tanto prisões conceituais como físicas em nome do Mestre.

 

Curar quem voluntariamente acolheu e se identificou com uma antropologia como se fosse uma revelação divina é, repito, uma tarefa muito difícil.

 

Inicialmente porque a doença das trevas oferece uma sombra de segurança. Além disso, a liberdade trazida por um dia de sol é muito perturbadora. Lembremos do que falou o Mestre para o jovem rico que desejava o Reino dos Céus: livre-se do apego de todos os seus bens e siga no caminho da salvação, da liberdade. Ele ficou triste e ficou para trás vendo o Mestre partindo. Talvez com os olhos cheios de lágrimas, mas o conforto proporcionado pelos bens materiais e pela ideologia dos fariseus era muito precioso. Ele teria compreendido a mensagem luminosa do Mestre, mas compreendera de imediato que a prisão das trevas lhe era mais cômoda.

 

A tradição alerta: é muito fácil fazer de um ser o seu escravo, mas é impossível libertá-lo contra a sua vontade.

 

É triste constatar, mas é preciso dizer: muitos de nós vivemos nas trevas, não vemos a luz do sol no outro, no diferente de nós, no que pensa diferente do nosso modo de pensar.

 

Não queremos aceitar que Deus derrama seu brilho de luz sobre todos, desde o ouro até o lixo. Hesitamos em compreender que cabe ao ouro devolver o brilho que recebeu e ao lixo apagá-lo nas trevas.

 

Exortação

 

Amado irmão, a hora de agir é agora. Ao desafiarmos as ideias que nos limitam e abraçarmos a diversidade, damos um passo importante rumo a um mundo mais justo e igualitário. Junte-se a nós nessa jornada e faça a diferença!

 

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, 11 de novembro de 2007 da Revelação do Cristo.

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