O Arco Íris Maçônico – Capítulo 2


A Herança Divina

 

Resumo

 

Este artigo explora a busca pela herança divina, uma jornada interior de autodescoberta e conexão com uma essência mais profunda. Através de metáforas e referências a diversas tradições, o texto apresenta a herança divina como um tesouro oculto que se revela através do processo de desbastar o ego. A generosidade, o desapego e o perdão são apontados como ferramentas essenciais para essa jornada. A individuação, conceito junguiano, é utilizada para explicar a integração dos aspectos da personalidade e a busca pela harmonia entre o ego e o Self. O artigo convida o leitor a embarcar em uma jornada de autoconhecimento e transformação, buscando a conexão com sua essência divina.

 

Palavras-chave: herança divina, ego, Self, individuação, generosidade, desapego, perdão, autoconhecimento, transformação.

 

Como posso reconhecer minha herança divina?

 

A pergunta se fez presente como um tiro de foguetão em noite de São João: quebra o silêncio das nuvens e ilumina o céu por um breve instante. Ao mesmo tempo em que apaga as luzes das estrelas. Logo depois o silêncio será restabelecido e as estrelas voltarão a brilhar na paz do infinito.

 

O que significa ter uma herança divina? Essa pergunta ecoa nos corações de muitos que buscam um sentido mais profundo para a vida. É como se cada um de nós carregasse dentro de si um tesouro oculto, uma centelha divina que anseia por ser descoberta. Mas como podemos reconhecer essa herança e integrá-la em nossa vida cotidiana?

 

Todos os nossos olhares se dirigiram não à fonte da pergunta, mas à possível resposta.

 

Imagine trabalhar um pedaço de tronco seco de uma árvore. Um pedaço de madeira que preserva as características originais recoberto por uma casca dura. Depois de alguns dias de trabalho de retirada da casca e guiado por uma inspiração que dita a posição do cinzel e a batida do malhete, você encontra o que procurava. Alguns dirão que você fez uma obra de arte, outros dirão que você apenas revelou a obra oculta.

 

Semelhantemente, a herança divina, também conhecida nas diversas tradições como eu divino, cristo interior, homem interior ou homem nobre, se revela na ação do desbastar.

 

Ao desbastarmos o ego, libertamo-nos das carências alimentadas pela educação familiar e institucional. A generosidade, a doação do que temos de mais precioso, é o primeiro passo nesse processo. A viúva do Templo, que doou suas últimas moedas, exemplifica essa atitude: doar não é apenas dar o que sobra, mas abrir mão do que mais valorizamos.

 

Ao encontrar um mendigo à sua porta, o que você oferece? Restos de comida ou parte da sua própria comida? A fruta mais saborosa ou aquela que está prestes a estragar? Você doa algo de valor ou apenas o que não quer mais?

 

Desde a infância, a construção do ego está intrinsecamente ligada ao princípio do prazer, buscando a satisfação imediata dos desejos e a aquisição de objetos que garantam a sensação de segurança e poder. Essa busca incessante por posse e controle, conforme Freud postula, é fundamental para a formação da personalidade.

 

Contudo, esse processo de desenvolvimento do ego pode obscurecer a essência do sujeito, o que Jung denominaria de Self ou Ser. Assim como uma casca recobre o tronco de uma árvore, as defesas do ego, como a necessidade de ter e o medo da falta, encobrem a espontaneidade e a autenticidade do indivíduo. Essa camada, formada por mecanismos de defesa como a projeção e a idealização, impede a experiência de uma subjetividade mais plena e conectada.

 

Para Jung, a individuação é o processo de integração desses aspectos da personalidade, buscando a harmonia entre o ego e o Self. Nesse sentido, o desapego, a generosidade e a doação podem ser compreendidos como ferramentas para desconstruir as defesas do ego e permitir o florescimento do Self. Ao abrir mão do controle e da posse, o indivíduo se liberta das amarras do ego e se aproxima de uma experiência mais autêntica e significativa da vida.

 

Finalmente, o Mestre explicou a emergência do homem interior está intrinsecamente ligada à prática da generosidade e do perdão. O céu, repleto de estrelas, parecia espelhar a luz que inundava nossos corações. Ao nos despedirmos, cada um recebeu um pequeno bilhete com a instrução de abri-lo ao amanhecer. A curiosidade sobre o mistério contido no bilhete nos manteve acordados durante a noite.

 

A jornada em direção à herança divina é uma aventura que nos convida a explorar os mais profundos recantos de nossa alma. Ao desvelarmos as camadas do ego e nos conectarmos com nossa essência divina, experimentamos uma paz interior profunda e um sentido de propósito que transcende as limitações do mundo material. Que cada um de nós possa encontrar a coragem e a determinação para trilhar esse caminho e compartilhar a luz de nossa herança divina com o mundo.

 

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, 16 de novembro de 2007 da Revelação do Cristo.

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