O Arco Íris Maçônico – Capítulo 12


Fraternidade e Misericórdia

 

Resumo

 

Este texto reflete sobre a busca humana por uma sociedade justa e perfeita, questionando a eficácia de modelos baseados apenas na justiça. O autor argumenta que a verdadeira justiça reside na misericórdia e na fraternidade, valores que transcendem a noção de recompensa e punição.

Inspirando-se na parábola do filho pródigo, o texto defende a importância de acolher o outro em sua totalidade, incluindo suas falhas e limitações. A busca pela perfeição, segundo o autor, não se encontra na punição dos erros, mas na promoção da compaixão e do perdão. A construção de uma sociedade justa e perfeita é apresentada como um processo gradual, que exige a transformação individual e coletiva.

 

Palavras-chave: fraternidade, misericórdia, justiça, perfeição, compaixão, perdão, transformação social.

 

Desejo um dia de sol para todos nós e que estejamos em pleno meio dia, onde não exista lugar para sombras. Que a Pura Luz se manifeste em todos nós.

 

Desejo agora falar-lhes que nós, a exemplo de nossos ancestrais construtores de templos sagrados, temos buscado construir uma sociedade justa e perfeita, sem grande êxito, ou mesmo sem êxito algum. Esse é um fato que teremos que assumir como verdadeiro se quisermos dar um passo à frente. Do contrário, viveremos em um mundo de ilusões, apegados às memórias de um passado registrado de modo incerto.

 

Quem clama por justiça, muitas vezes, não ficará satisfeito ao constatar que ela nem sempre se realiza de imediato ou mesmo em longo prazo, mesmo que haja um consenso sobre o que é justo.

 

E o que é justo?

 

Um amado irmão, certa vez, relatou-me que, quando sua esposa faleceu deste mundo, ele se desesperou. Perdeu a fé em Deus e gritou que se Deus fosse justo não teria levado sua amada, e sim teria levado a ele. Ele julgava que ela era mais merecedora do que ele para continuar vivendo. Que fosse tirado dele a vida, e não dela. Chorei com ele sua dor, mas não concordo com suas conclusões. Acho mesmo, que hoje, nem ele mesmo concorda.

 

Para este irmão e para muitos de nós, Deus é sinônimo de justiça. Logo, se a justiça não é feita, Deus não pode existir. Todavia, tanto a premissa quanto a conclusão estão erradas. Deus se manifesta no amor, na compaixão e na misericórdia, e vai muito além do nosso entendimento limitado.

 

Há também outro aspecto importante a considerar. Deus está na origem do que nos faz bem, mas também está na origem do que nos causa dor.

 

O padre Leloup nos lembra que "Ele faz florescer a nossa vida e a faz fenecer". É Ele quem dá o perfume da rosa e os espinhos.

 

A vida, para ser verdadeira, deve ser aceita em sua totalidade. Assim como devemos aceitar a Origem da vida em sua totalidade, em sua imanência e transcendência.

 

A perfeição não está em premiar o mais justo, mas em ter misericórdia pelo desafortunado. O Mestre nos ensina este fato na parábola do filho pródigo. Aquele que desperdiçou sua herança e voltou para casa humilhado foi recebido com uma grande festa, o que irritou o outro filho, que clamava por justiça. Para este, o obreiro fiel, nunca foi feita uma festa. Mas cuidado, não sejamos apressados em concluir que o caminho da salvação é fazer a coisa errada.

 

Devemos fazer o que a nossa consciência aceita como certo, não por recompensa, mas por autenticidade. E sendo autênticos, já recebemos os nossos dons. Amor não é mercadoria de troca, nem mesmo mercadoria é. Amor é uma relação de acolhida do outro na sua inteireza e da acolhida da nossa própria inteireza.

 

O amor não se realiza como uma projeção do nosso desejo, da nossa carência. O amor verdadeiro se manifesta quando não há projetos de posse, domínio ou poder. O amor verdadeiro se manifesta quando existe a aceitação do outro na sua liberdade de ser o que é.

 

A proposta é simples: sejamos, agora e já, uma sociedade de obreiros fraternos e misericordiosos. Renunciemos, agora e já, o olhar focado nos defeitos do outro. Passemos a focar o olhar nas virtudes que todos nós temos um pouco. Assim, fortaleceremos o bem em todos nós e poderemos agradecer a Deus por nossas ações. E assim, um dia, teremos uma sociedade justa e perfeita, a nova Jerusalém anunciada por João em Apocalipse.

 

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, 8 de novembro de 2007 da Revelação do Cristo.

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