O Arco Íris Maçônico – Capítulo 13

Filhos de
Deus
Resumo
Este relato descreve um ritual secreto realizado por
uma irmandade, com o objetivo de fortalecer a conexão espiritual de seus
membros. O ritual, realizado à beira-mar, envolve práticas meditativas e a
celebração da comunhão, buscando a reconexão com a divindade interior. Através
de ensinamentos e práticas espirituais, os participantes são convidados a
resgatar sua criança interior e a reconhecer a presença da divindade em si
mesmos e em todos os seres. O ritual culmina com a celebração da comunhão,
representando a união com a fonte divina.
Palavras-chave: ritual, espiritualidade, conexão
divina, criança interior, iluminação, fraternidade, comunhão.
O Mestre nos surpreendeu ao anunciar que havia
descido da montanha e se dirigido ao mar. Hoje, noite de lua cheia, ele estaria
na praia de Lucena, mais especificamente, próximo à desembocadura de um riacho
que deságua no mar. Ali, as areias formavam pequenas dunas. Fomos instruídos a
ir de roupas escuras e em pequenos grupos.
Os automóveis ficariam na cidade que recebe o mesmo
nome da praia e deveríamos seguir o resto do percurso a pé. Já sabíamos que o
Capítulo seria realizado a céu aberto naquela noite, mas era preciso que
estivéssemos protegidos de olhares indiscretos. Assim, tudo deveria ser feito
com o máximo de discrição.
A irmandade reuniu-se no horário previsto, e todos
os obreiros, profundos conhecedores dos ensinamentos, estavam presentes. O Capítulo
foi aberto segundo o ritual do Cavaleiro Rosa Cruz, um grau em que todos os
presentes possuíam a qualificação necessária para iniciar os trabalhos.
Observamos os procedimentos preparatórios para o início dos trabalhos.
Fomos recebidos em um semicírculo formado pelo
Mestre e pelos irmãos que chegaram antes. O raio era suficientemente grande de
modo a permitir que todos estivessem voltados para o mar. O importante naquele
momento era acolher a presença do sopro de Deus que habita no interior de todos
nós. A observação das ondas do mar nos ajudava a encontrar a frequência natural
do movimento da inspiração e da aspiração profundas.
Esse procedimento era essencial para que, ao acolher
a Presença Divina, purifiquemos espiritualmente o ar que respiramos. Por ser
uma sessão restrita aos iniciados, não podemos registrar todo o ritual. No
entanto, destacaremos alguns momentos simples, porém profundos. Dentre eles, o
período de instrução e a comunhão do pão e do vinho.
Ele nos lembrou que em cada criança reside o sopro
divino. O sorriso infantil revela a presença da Transcendência, e a criança, em
si mesma, representa a união entre o humano e o divino, simbolizada pela cruz.
Essa imagem nos recorda que toda criança é filha de Deus.
A educação determinará se essa herança será exaltada
ou esquecida. Ela moldará o adulto, transformando-o em uma pedra polida que
reflete a luz da Fonte da Vida, ou em uma pedra bruta, descartada por não
brilhar. Ao reconhecer nossa herança divina, podemos resgatar a criança interior,
tornando-nos como estrelas luminosas. Assim, a luz divina fluirá em nós como
uma fonte inesgotável.
A tradição ensina que, ao alcançarmos a iluminação,
nossos olhos adquirem um brilho celestial, como o azul do céu, morada do Pai. O
olhar do iluminado se assemelha ao azul da Terra vista da Lua. É por meio desse
olhar que reconhecemos uns aos outros como filhos de Deus.
Ele nos falou sobre o mistério da revelação divina
que se manifesta na fragilidade do recém-nascido. Em seguida, leu trechos de
textos antigos e nos convidou a refletir sobre seu significado.
Ø Padre Gregório
de Nissa: "O interior do homem é o terreno fértil onde Deus plantou
Sua própria imagem e semeou a boa semente da sabedoria, da arte e da bondade –
a semente divina, o Filho de Deus, o Verbo."
Ø Padre Orígenes:
"Sendo a semente divina plantada em nosso ser, podemos obscurecê-la, mas
jamais extingui-la. Ela permanece acesa em nosso interior, buscando
incessantemente a união com a Fonte de toda a vida."
Depois de ouvir a todos, Ele partiu um pão ázimo e distribuiu entre nós. Em
seguida, fez circular uma taça de vinho, nela renovamos nossa aliança com o Pão
da Vida. O cerimonial prosseguiu conforme a tradição e o Capítulo foi fechado
na hora de costume.
A noite estava fria, mas a água doce que fluía para
o mar era morna. Como é bom deitar na beira do rio, deixando a água banhar os
pés e viajando com o olhar pelo universo que nos cobre de luz! Em momentos como
este, de infinito e simples prazer, muitas vezes em nossos lábios se revela um
sorriso de criança que deseja mais uma vez nascer ou, se preferirmos dizer de
outra maneira, ressuscitar.
Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado,
Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, 13
de novembro de 2007 da Revelação do Cristo.
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