Na luz da manhã - Palavrão

Palabrota

Hoje é tão comum ouvisse palavrão. Em qualquer lugar, em qualquer hora, de qualquer pessoa. Uns simples outros cabeludos. Mas, isto não foi sempre assim. Ao contrário, há poucos anos atrás pronunciar ou escrever um palavrão conduzia a penas terríveis. O falante receberia do seu pai ou da sua mãe, ou mesmo da professora, uma grande surra.

Hoy es tan común oír palabrotas. En cualquier lugar, a cualquier hora, de cualquier persona. Unas simples otras peliagudas. Pero, esto no fue siempre así. Al contrario, hace pocos años atrás pronunciar o escribir una palabrota conducía a penas terribles. El hablante recibiría de su padre o de su madre, o mismo de un profesor una gran paliza.

E nem adiantava chorar ou mesmo berrar alto. Ninguém acudia. Era merecedor e deveria pagar caro pelo débito do desrespeito aos bons costumes. Esta regra valia para todos, menos para Baixinha.

Y no valía llorar o gritar alto. Nadie acudía. Era merecedor y debía pagar caro por el cargo del irrespeto a las buenas costumbres. Esta regla valía para todos menos para Baixiña.

Baixinha era a esposa, companheira, cúmplice, amante, amada de Damião. Este um chapeado. Assim era chamado o profissional que carregava e descarregava um caminhão com sacos de 60 Kg de feijão, farinha, algodão, cimento, etc.

Baixiña era la esposa, compañera, cómplice, amante, amada de Damián. Este era un chapeado. Así era llamado el profesional que cargaba y descargaba un camión con sacos de 60 Kg. de frijoles, harina, algodón, cemento, etc.

Damião era um senhor chapeado. Tão forte que diziam que ele não dava moleza, carregava dois sacos de cada vez. Embora não fosse alto. Mas, era extremamente forte, parrudo.

Damián era un señor chapeado. Tan fuerte que decían que él no daba blandura, cargaba dos sacos a la vez. Aunque no fuese alto. Pero era extremadamente fuerte, gran hombre.

Sábado à tarde era o dia de Damião voltar da feira. A semana inteira de trabalho duro era compensada com uma cachaça boa e grande. Damião caminhava abraçado a Baixinha. Sem ela não poderia dá um passo à frente.

Sábado por la tarde era el día de Damián. La semana entera de duro trabajo era compensada con un buen aguardiente y grande. Damián caminaba abrazado a Baixiña. Sin ella no podría dar un paso al frente.

Com uma mão Baixinha amparava Damião, com a outra leva uma cesta contendo os mantimentos. Isto foi assim até que a idade exigiu outra providência. Baixinha trazia Damião dentro de uma carroça em que ela era a tração. Carroça semelhante a que hoje, ainda, é utilizada na construção civil.

Con una mano, Baixiña ayudaba a Damián, con la otra llevaba una cesta conteniendo los víveres. Esto fué así hasta que la edad exigió otra providencia. Baixiña traía a Damián dentro de una carroza en la que ella era una tracción delantera. Carroza semejante a la que hoy, aún es utilizada en la construcción civil.

À tarde de todos os sábados as portas dos bares, farmácias, lanchonetes, padarias, e demais, ficavam repletas de gozadores implícitos e explícitos.

En la tarde de todos los sábados, las puertas de los bares, farmacias, cafeterías, panaderías y demás, estaban repletas de gozadores implícitos y explícitos.

Lá, no começo da Rua Campos Sales, vinha o casal famoso.

Allá, en el comienzo de la Calle Campos Sales, venía la famosa pareja.

Alguém escondido detrás de uma porta gritava:

Alguien escondido detrás de una puerta gritaba:

- Baixinha! Cadê Damião?

- Baixiña! Dónde está Damián?

Era a senha. Não se sabe por que ela abria o “verbo” e tome palavrão.

Era la seña. No se sabe por qué ella abría el "verbo" y expresaba palabrotas.

- Seu filho da puta. Seu lascado.

- Hijo de puta. Del carajo.

E muitos outros que por cautela não irei registrar aqui. Ainda lembro-me, na carne, da surra que levei da minha mãe por pronunciar um bem menor.

Y muchas otras que por cautela no registraré aquí. Aún recuerdo, en la carne, de la paliza que llevé de mi madre por pronunciar una bastante menor.

A galera entrava em delírio.

La muchachada entraba en delirio.

Tudo que a cada um era proibido, ali se realizava na boca de Baixinha. Era o grito de liberdade dos reprimidos. Todos amavam a coragem de Baixinha e os seus palavrões.

Todo lo que a cada uno le era prohibido, allí se realizaba en la boca de Baixiña. Era el grito de libertad de los reprimidos. Todos amaban el coraje de Baixiña y sus palabrotas.

Da delegacia do bairro os policiais também se deliciavam as escondidas.

En la delegación del barrio, los policías también se deleitaban a escondidas.

Quando Baixinha se calava por cansaço ou por falta de um novo repertório, outro gaiato gritava.

Cuando Baixiña se callaba por cansancio o por falta de un nuevo repertorio, otro bromista gritaba.

- Baixinha! Cadê Damião?

- Baixiña! Dónde está Damián?

E tudo se repetia. Mas ela não parava para falar. Continuava em marcha, seguia o seu caminho. Damião, nada fazia ou dizia. Estava noutro mundo e se neste estivesse ninguém teria coragem de perguntar por ele. Como não perguntava nos demais dias da semana quando ele passava sereno ao lado de Baixinha.

Y todo se repetía. Pero ella no paraba de hablar. Continuaba en marcha, siguiendo su camino. Damián nada hacía o decía. Estaba en otro mundo y si en este estuviese nadie tendría coraje de preguntar por él. Como no preguntaba en los demás días de la semana cuando él pasaba sereno al lado de Baixiña.

Não tinham filhos, um era a companhia do outro. E Baixinha não era apenas pequena, era magra. Não se sabe da onde ela ia buscar tanta força, nos sábados, para levar Damião para casa e para a cama.

No tenían hijos, uno era la compañía del otro. Y Baixiña no era pequeña, era delgada. No se sabe de donde encontraba tanta fuerza los sábados para llevar a Damián a la casa y a la cama.

Naquele tempo a grande subversão era provocar Baixinha para realizar a liberdade reprimida. Subversão consentida e realizada com dia marcado. No dia de sábado, à tarde, próximo do pôr do sol.

En aquel tiempo la gran subversión era provocar a Baixiña para realizar la libertad reprimida. Subversión consentida y realizada con un día marcado. El día sábado, a la tarde, próximo a la puesta del sol.

Quando o casal desaparecia no final da rua, a normalidade voltava, embora alguns ainda mantivessem um sorriso no rosto. Do rádio ligado vinha o cântico da Ave Maria; da Mesa de Sinuca vinha o som do encontro das bolas a rolar outra vez.

Cuando la pareja desaparecía al final de la calle, la normalidad volvía, aunque algunos aún mantuviesen una sonrisa en el rostro. Del radio encendido venía el cántico del Ave María, de la Mesa de Billar venía el sonido del encuentro de las bolas al rodar otra vez.

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, 9 de dezembro de 2009 da Revelação do Cristo.

Traducción libre al español: Ma. Consuelo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog