Mundo Místico – Capítulo 8
Pelas
ruas de Nínive
Caminhando vagarosamente pelas ruas de Nínive, dois
velhos amigos iam sem rumo definido quando, de repente, passa Jonas anunciando
o fim da capital do consumo. Veem que Jonas cumpre a sua tarefa a contragosto:
não lhe agradava levar a possibilidade de redenção aos pecadores. Preferiria
estar entre os eleitos, os seus justos e perfeitos irmãos.
Informado da
missão, fugiu imediatamente. Embarcou em direção à cidade que Iohanan escolheu
para escrever o Apocalipse. Mas, sentindo-se culpado, Jonas pediu para ser
lançado ao mar. Todavia, não morreu, foi acolhido por uma enorme baleia que o
manteve no seu interior durante três dias. Findo o período, estava Jonas frente
às portas de Nínive.
O profeta demonstra um temor visível de que os
ninivitas, perdidos como estão, escutem e acolham sua mensagem. E, como
consequência, teme que Deus, em sua misericórdia, poupe a cidade do pecado.
Jonas, preso a uma visão rígida da divindade, não
conseguia compreender a infinita misericórdia do Pai. Enquanto o Pai oferecia a
vida eterna, simbolizada pelo fruto da árvore da vida, Jonas anunciava a
destruição, negando a possibilidade de redenção para os pecadores.
Imerso na profunda perplexidade diante dos mistérios
da vida, Melquisedec, em tom contemplativo, lança a seguinte questão: "E a
vida, maravilha ou sofrimento?"
Cantando,
Iohanan responde a Melquisedec, ecoando a resposta das crianças: a vida é
bonita. E depois do fim, o recomeço. Escondemos um pouco da melodia da infância
na adolescência, melodia que se revela plenamente na maturidade de ambos.
Melquisedec concorda que a beleza está na origem, na
resposta otimista das crianças cantada por Iohanan. E reconhece que em cada
pessoa que conhece há uma criança, garantindo-lhe sempre boa companhia.
Todavia, será totalmente inútil tentar acordar Jonas para esta realidade.
Passará três dias anunciando o fim da cidade
perdida, mas ao final, os ninivitas demonstrarão um sorriso de criança e o Pai
lhe sorrirá também.
A inutilidade de qualquer discussão sobre o bem e o
mal fica evidente pelo simples fato de que Deus está além desses limites. Basta
olhar a natureza para perceber a transcendência: um sorriso
infantil que se renova a cada instante.
No Parque da Criança, na cidade Rainha da Borborema,
dois velhos amigos, sentados em um banco, contemplam as crianças correndo ao
vento. Apesar de suas almas insistirem em caminhar pelas ruas de Nínive, lá, o
profeta continua a anunciar o fim reservado aos ímpios, sem aceitar que todos
são seus irmãos.
Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado,
Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, 04 de novembro de 2010
da Revelação do Cristo.
Anexo: Elementos da Mística
"Pelas ruas de Nínive" é uma reflexão
sobre a condição humana e a natureza divina. Através da história de Jonas e de
seus companheiros, o autor convida o leitor a questionar suas próprias crenças
e a buscar uma compreensão mais profunda da realidade. A mensagem central é a
de que a misericórdia divina está sempre presente, e que a verdadeira sabedoria
reside na aceitação da vida em sua totalidade, com suas alegrias e suas dores.
Elementos-chave
Ø A dualidade
entre o bem e o mal, a busca por significado e a capacidade de redenção.
Ø A natureza da
misericórdia divina, a transcendência de Deus e a relação entre o humano e o
divino.
Ø O ciclo da
vida, a esperança de renascimento e a aceitação da finitude.
Ø A busca pelo
conhecimento, a importância da sabedoria ancestral e a limitação do intelecto
humano.
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