Mundo Místico – Capítulo 11


O Rio Sambation

 

Ezequiel buscou nas margens do Rio Cobar um encontro com Deus. O que encontrou era indescritível, em grande parte devido às limitações da linguagem humana. Ele também me revelou que não pôde contemplar a figura no trono. Pareceu-lhe que a figura possuía um semblante que reflete o que há de mais humano, mas o homem é apenas uma imagem de Deus no sentido da criação, um construtor potencial do cosmos onde vive.

 

Outros místicos, em busca de Deus, adentraram a casa dos sete átrios. Enoc, um deles, me convidou e juntos ascendemos. Nuvens e ventos nos levaram aos Céus. Ali, deparei-me com uma parede de cristais, envolvida em chamas. Atraído pelo fogo, fui lançado em uma sala construída com as mesmas pedras, suas paredes também ardendo. No entanto, o teto era de água sólida, criando uma sensação paradoxal de calor e frio intensos. Prostrado, fui conduzido a um aposento ainda maior.

 

A viagem transcorreu em um clima mágico até que me encontrei nas proximidades do trono. Lá percebi a presença do Altíssimo envolto em luzes flamejantes, cujas roupas eram brilhantes como o sol e brancas como a neve. E, mais uma vez, reconheci a impossibilidade de contemplar o seu rosto.

 

A palavra que nomeia não foi colocada ao meu alcance. Tive a impressão de que na primeira casa não havia a presença do divino, e por isso senti medo. Nesta última, Ele lá estava e senti o contrário do medo, senti o amor.

 

Enoc e eu compreendemos que Deus não pode ser visto com os olhos do intelecto, mas sim com o coração. Enxergamos que não há necessidade de transcender o mundo para encontrar Deus. Basta viver a sua presença no outro e em tudo que nos envolve.

 

Mesmo diante de tanto aprendizado, parti em busca do rio que observa o sábado. Sambation, aquele que arrasta pedras durante seis dias da semana, mas descansa no sétimo. Então, no caminho, senti a Presença em meu interior profetizando: voltarás para casa.

 

Poeta Hiran de Melo, Mestre Instalado, oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, 10 de novembro de 2010 da Revelação do Cristo.

 

Anexo: Elementos da Mística

 

"O Rio Sambation" nos conduz a uma profunda jornada espiritual, marcada por experiências místicas e reflexões sobre a natureza divina. Melquisedec compartilha suas vivências e as de outros místicos em busca de Deus, revelando uma compreensão complexa e multifacetada da divindade.

 

Elementos-chave

 

v Tanto Ezequiel quanto outros místicos enfrentam a limitação das palavras para expressar a experiência de Deus. A divindade é descrita como algo que transcende a compreensão humana, sendo mais sentida do que compreendida.

v A jornada de Enoc revela uma experiência ambivalente: a presença do fogo e do gelo, o medo e o amor. Isso sugere que a experiência mística pode ser tanto desafiadora quanto confortante.

v O Rio Sambation, que descansa no sétimo dia, pode ser interpretado como um símbolo do tempo sagrado, do descanso e da renovação. A busca por esse rio pode ser vista como uma busca pela conexão com o ritmo cósmico e a própria natureza cíclica da vida.

v A profecia de Melquisedec, "voltarás para casa", sugere que a verdadeira jornada espiritual é um retorno a si mesmo, à própria essência divina.

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