Mundo Místico – Capítulo 7


Gostem e vejam como Deus é bom

 

Recentemente, Melquisedec encontrou-se com Anadominun, sua querida amiga. Ela relatou-lhe, em parte, o processo que a levou a responder à questão:

 

– Para amar, é preciso conhecer o outro?

 

Disse ela: “Já se passaram menos de uma semana e, nesses dias, não obtive a resposta mais clara para tal questionamento. Até que, hoje, no início da tarde, quando não pensava mais na questão, do nada consegui a resposta que buscava”.

 

Na verdade, a resposta surgiu em minha mente de forma abrupta, como uma agulha perfurando meu corpo. Logo, agradeci a Deus por ter me concedido a inteligência necessária para compreendê-la.

 

Eis a resposta: Deus é Deus. Não há definição mais completa para Deus do que essa. O amor é uma de suas inúmeras formas de se manifestar entre os homens.

 

Você se ama? – Sim, me amo.

Você se conhece? – Nem sempre.

 

O fato é que não precisamos conhecer o outro para amá-lo. Amamos uns aos outros, mesmo sem nos conhecermos profundamente. Afinal, o Deus que habita em mim é o mesmo que habita em você. Se nos amamos, amamos a todos, pois todos somos parte do divino.

 

Anadominun conclui, de forma absoluta, que se conhecermos a nós mesmos, veremos que amar o outro não depende de conhecê-lo profundamente.

 

Essa é uma conclusão corajosa e valiosa. Ela afirma que o autoconhecimento é possível sem conhecer exaustivamente os outros. Isso equivale a dizer que podemos alcançar um certo grau de sabedoria universal, algo que os antigos chamavam de "posse da verdade".

 

A base dessa conclusão, e da questão inicial, reside na crença de que Deus habita em cada um de nós. Por isso, é fundamental ouvir a voz interior.

 

Uma forma tradicional de ouvir a voz interior consiste em isolar-se dos estímulos externos, silenciando a mente e os sentidos.

 

Anadominun não detalhou a técnica que utilizou, limitando-se a afirmar que a resposta surgiu espontaneamente. No entanto, a fórmula "Cognitio Dei Experimentalis" descreve um processo similar, buscando o conhecimento de Deus através da experiência interior.

 

O mestre Abraham Ibn Ezra propõe um conceito interessante para compreender a experiência de ouvir a voz divina, um conceito que, segundo Walter Rehfeld, assemelha-se ao "Cognitio Dei Experimentalis".

 

Ao interpretar a frase "gostem e vejam como Deus é bom" do Salmo 34, Ibn Ezra esclarece que não se trata de uma experiência sensorial. Para ele, "gostem" refere-se a uma intuição do coração, enquanto "vejam" indica uma percepção mental. Dessa forma, tanto o coração quanto a mente podem experimentar a bondade divina, mas não através dos sentidos físicos.

 

Reflexionando sobre as palavras de sua amiga Anadominun e os ensinamentos do Salmo 34, Melquisedec adormeceu em paz.

 

De fato, é possível amar o próximo sem conhecê-lo profundamente, especialmente quando esse amor se baseia na compaixão, como ensinam os mestres orientais. No entanto, para amar alguém de forma completa, é necessário conhecê-lo em profundidade, pois esse tipo de amor envolve uma conexão mais íntima e pessoal.

 

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, 23 de outubro de 2010 da Revelação do Cristo.

 

Anexo: Elementos da Mística

 

"Gostem e vejam como Deus é bom" é um texto que oferece uma reflexão sobre a natureza do amor e do conhecimento. Ao explorar a experiência de Anadominun, convido-o a uma jornada interior em busca de uma compreensão mais profunda de si mesmo e do mundo.

 

Elementos-chave

 

Ø  O capítulo centraliza a discussão no amor como uma manifestação divina. A ideia de que Deus habita em cada um de nós serve como fundamento para a afirmação de que o amor é universal e incondicional.

Ø  O texto estabelece uma conexão direta entre o autoconhecimento e a capacidade de amar. Ao conhecer a si mesmo, entendemos a natureza divina em nós e, consequentemente, amamos a todos.

Ø  A "Cognitio Dei Experimentalis" é apresentada como um método para experimentar a divindade interiormente. A intuição e a percepção mental são destacadas como ferramentas para essa experiência.

Ø  Reconheço que existem diferentes níveis de amor. Um amor baseado na compaixão é possível sem um conhecimento profundo, mas um amor mais íntimo exige uma conexão mais pessoal.


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