Mundo Místico – Capítulo 2

É possível não está sozinho?

 

Anadominun diz que sim: “Ainda que a tempestade persista, você nunca estará sozinho”. Testemunha: “Quantas vezes não me senti sozinha no meio da multidão, onde as pessoas passam por nós e se vão. Já tive dias ruins e outros bons, dias tristes em que o medo me assombrava e roubava minha sanidade, e dias alegres em que o amor preenchia os espaços vazios de minha alma”.

 

Diz mais: Afirma ter a consciência de que da fonte celestial viemos e para a fonte celestial voltaremos. Isso a faz sentir mais confiante, pois sabe que o Grande Arquiteto do Universo habita nela: “Eu sou Deus e, por isso, não estou sozinha”.

 

Anadominun é confiante – como toda força jovem – e transmite confiança como uma vencedora. “Não se preocupe se a tempestade persistir, lembre-se de que você tem um universo inteiro para ouvi-lo e ampará-lo. Você nunca estará sozinho”. E, lembra aos filhos da viúva: “Os anos se passam, o rio flui e nós amadurecemos. Aquela pedra bruta que éramos inicialmente foi sendo lapida ao longo desse tempo, esculpindo em nós a imagem de Deus.

 

Melquisedec aprecia a serenidade de Anadominun, que fala como Isis sem véu. Ela fala e se vai, como um ser alado, livre para partir e voltar ao sabor do vento divino.

 

O voo de Anadominun, anunciando o amor transcendental, guia o olhar de Melquisedec para o pôr do sol. No mirante, ele se encontra na gaiola profetizada pelo Pequeno Príncipe: uma prisão construída pelo desejo de amar e ser amado, mas com a porta aberta para um pássaro de asas quebradas.

 

Melquisedec evoca um amor de outra dimensão, um amor imanente que encerra memórias adolescentes e exige a presença mútua. Enquanto Anadominun fala do amor transcendental de Cristo, Melquisedec se refere ao amor imanente, horizontal de Jesus. Ambos, no entanto, reconhecem a união na cruz.

 

Melquisedec intui que a porta da eternidade se abre para o desconhecido, um salto no vazio. A ressurreição, por sua vez, promete um refúgio no deserto, uma tenda protetora no caminho para o oásis. Mas quem o aguardará nesse lugar?

 

No jardim, Maria chora desolada pela perda de Jesus. Ao despertar, ouve uma voz familiar e vê o ressuscitado. 'Não me detenhas', ouve. Acalmada, parte para anunciar o novo evangelho: 'O amor vive entre nós'.

 

Melquisedec reflete sobre o profundo encontro entre Maria e o Cristo ressuscitado, um momento marcado por uma emoção intensa e um reconhecimento espiritual. Embora a alegria da ressurreição fosse imensa, Maria experimentou uma nova dimensão do amor de Deus. Impulsionados pelo Espírito Santo, os discípulos de Jesus, agora apóstolos, espalharam a boa nova da ressurreição por todo o Império Romano. A mensagem central desse anúncio era a manifestação do amor de Deus em Cristo, um amor capaz de transformar vidas e construir uma nova comunidade de fé.

 

Paulo, antes perseguidor, transformou-se em apóstolo e mestre, guiando a humanidade há dois milênios pela luz da cruz e do Cordeiro imolado, revelados no Apocalipse. O cristianismo, nascido do amor perseverante de uma mulher, tornou-se realidade e ecoa através dos tempos.

 

Anadominun, Isis revelada entre nós, repleta de amor divino, permanece virgem. Embora saiba que Deus criou o homem para amar. Sem a criatura, o amor de Deus era e continua sendo uma abstração.

 

Um velho sacerdote anuncia a teologia da libertação, repetindo sem cansar o mantra esotérico: "As mãos de Deus são as mãos do homem." Seus amigos sorriem respeitosamente e partem, cada um seguindo seu próprio caminho, sabendo que novos encontros os aguardam.


Ao pôr do sol, Osíris morre; após uma noite, Hórus - o filho –nasce e ilumina o rosto de Isis com um sorriso novo. Não há mistério maior na trindade que não possa ser revelado. O amor é a relação; terceiro incluído entre o um e o outro.


Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, 24 de outubro de 2010 da Revelação do Cristo.


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