Mundo Místico – Capítulo 9


A Carruagem

 

Nas proximidades das altas montanhas, cobertas por nuvens, os rios Tigre e Eufrates se aproximam e depois divergem. Neste local, os homens construíram um canal para facilitar o comércio e as trocas em geral. Ezequiel chamou-o de Rio Cobar e, no quinto ano do exílio do Rei Joaquim, lá se encontrava, com todos os sentidos voltados para a direção de onde vinham todas as tempestades.

 

Terríveis nuvens pretas começavam a chegar do norte e, de repente, um clarão abriu-se entre elas, e uma carruagem se fez presente. Ela trazia aquele que habitava entre as nuvens, no topo das altíssimas montanhas. Assim pensou Ezequiel, e viu o que pensara.

 

No centro da carruagem, estavam quatro querubins, cuja presença preenchia todo o espaço do cosmo, um para cada direção do vento. Como guardiões e portadores do divino, esses seres só se moviam para frente. Cada um possuía quatro faces, quatro asas e quatro braços...

 

Uma face é humana, representando a inteligência inerente à vida. Outra é leonina, simbolizando a indomável força de vontade. A terceira, taurina, representa a força bruta. A quarta, aquilina, possui visão total. Os quatro rostos de cada querubim encarnam qualidades tanto da vida quanto do divino, sendo este último a fonte de todas as coisas.

 

As asas dos quatro querubins se unem, como se sustentassem o firmamento celestial. No entanto, meus olhos não conseguem se fixar nessa imagem, pois a intensidade da cor celestial gela o coração de quem a contempla. É preciso aprofundar o olhar, focando-o, ainda que por um breve instante, além do firmamento, para transcender as cabeças dos querubins e alcançar o trono.

 

Antes, dirijo meu olhar para os pés dos querubins e vejo, junto a cada um, uma roda no chão. As quatro rodas são idênticas, sobrepostas, e giram em todas as direções, sem nunca retroceder. Em cada roda, há uma multidão de olhos humanos. A roda, símbolo da eternidade e da necessidade, gira implacavelmente, selando o destino humano.

 

Volto meu olhar para o topo da carruagem e lá encontro um trono, ocupado por uma presença soberana. Sua aparência é humana, mas emana um brilho intenso, como se alimentasse de um fogo luminoso, porém inofensivo. Na parte superior, envolto em uma luz cegante, oculta-se em esplendor. Na parte inferior, porém, emana uma luz suave, como o arco-íris que surge em dias de chuva fina. Ao contemplá-la, prostro-me e ouço uma voz misericordiosa que me fala. Aprendo, então, que não devo buscar conhecer o Ser Divino, mas sim aceitar sua vontade e viver de acordo com ela.

 

Ezequiel, em seguida, imortalizará em um livro a grandiosa visão que teve, registrando cada detalhe do que viu e ouviu.

 

Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, 08 de novembro de 2010 da Revelação do Cristo.

 

Anexo: Elementos da Mística

 

"A Carruagem" nos transporta para uma jornada visionária, repleta de simbolismo e profundidade espiritual. Através da narrativa de Ezequiel, o convido a desvendar os mistérios da criação e da divindade.

 

Elementos-chave

 

Ø  A Carruagem Celestial representa a manifestação do divino no mundo material. É um veículo que transporta o sagrado e conecta os planos celestiais ao terreno.

Ø  Os Quatro Querubins são seres celestiais que guardam a presença divina. Cada um representa um aspecto da realidade: a inteligência, a força, a resistência e a visão. Juntos, simbolizam a totalidade da criação.

Ø  As Quatro Faces dos querubins representam diferentes dimensões da existência: a humana, a animal, a material e a espiritual. Elas indicam que o divino está presente em todas as coisas.

Ø  As Quatro Rodas é o Símbolo da eternidade e do destino. As rodas, com seus inúmeros olhos, sugerem que o destino individual está ligado ao todo cósmico.

Ø  O Trono Divino representa a fonte de toda a criação e a autoridade suprema. A dualidade da luz, intensa e suave, simboliza a complexidade da divindade: ao mesmo tempo transcendente e acessível.


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