Mundo Místico – Capítulo 12
Jogando
as cinzas ao rio
Face a face com aquele que, durante seis dias da
semana, arrasta pedras ao longo do seu leito e descansa apenas no sétimo,
encontro um possível final da história.
Todo o barulho do arrastar de pedras se foi. O
espaço é tomado por um silêncio quase absoluto. Quase porque ainda escuto o
bater do meu coração feliz. E, carregando as cinzas de toda uma existência
lanço-me ao Rio Sambation.
Na outra margem, sorria a Deusa de Mil Nomes, e ao
mesmo tempo, de um só. Seu sorriso parecia dizer 'vem', mas eu só ouvi um
'levanta-te e vais'.
Algo se aproxima e sinto-me cada vez mais abençoado
pelas águas, com a força do batismo presente e atuante em mim. Meu coração se
enche de misericórdia e sinto que posso perdoar a todos como um Deus, e não
apenas como um simples sacerdote real.
Vejo Anadominun reconhecendo em Melquisedec seu
filho amado e o abençoando. De seus seios maternos brota a água viva, a mesma
oferecida por Jesus à samaritana de muitos maridos e de nenhum.
O vento do norte é frio, mas as águas de Sambation, quentes. Levanto-me indeciso: seguir o curso das águas ou buscar a fonte? Ir para a outra margem ou retornar ao ponto de partida?
Silêncio. Ezequiel abre a porta da carruagem e
oferece-me carona. Não há tempo para hesitar. Ou aceito, ou não. Das nuvens,
Enoc aponta a Casa dos Sete Átrios, de portas abertas.
O vento frio tornou-se quente, como um sopro de
vida. Despi-me e dormi nu, como na infância. O medo se dissipou; não há como
temer quando se está nu. Nem os pesadelos resistem à nudez.
Quando a morte se aproximou de Francisco, ele a
acolheu como uma irmã, despindo-se de tudo. Ninguém deseja a morte, mas ela é
inevitável. Ao chegar, o melhor é recebê-la como uma hóspede, abrigá-la no
corpo inanimado e partir para uma nova existência que sorrir para a eternidade.
Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro
Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, 12 de novembro de 2010 da
Revelação do Cristo.
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