Silêncio Entre os Toques Por Jivago de Azevedo Chaves O compasso gira torto? A régua finge medir? E o que corta com firmeza Tem seu passo a refletir. Há mãos que guiam o corte, Por trilhas de leve tocar? E sombras que, discretas, Preferem só observar. Mas a pedra que se cala, Mesmo posta na imensidão, Será coluna erguida No altar da perfeição. Breves Considerações Filosófico-Simbólicas sobre o Poema “Silêncio Entre os Toques” Por Hiran de Melo Introdução O poema de Jivago de Azevedo Chaves utiliza símbolos operativos (compasso, régua, corte, pedra) para construir uma meditação sobre a tensão entre ação e contemplação, medida e mistério, precisão e silêncio. Trata-se de um poema que, sob uma leitura simbólica, toca diretamente a alma maçônica e filosófica do iniciado, sobretudo quando interpretado à luz da tradição esotérica de Albert Pike e da metafísica existencial elaborada por pensadores como Nietzsche , Kant e ...
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Mostrando postagens de julho, 2025
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Entre a docência e a exaustão: o professor universitário como agente e vítima do sistema Por Hiran de Melo No palco sombrio da universidade moderna, onde os corredores ecoam mais teclas que passos, o professor ergue-se — não como estátua de bronze, mas como corpo cansado. Dizem que ele detém o saber, que é farol e timoneiro. Mas poucos enxergam as rachaduras em sua estrutura, o tremor nas mãos que corrigem provas, a dor dos olhos que já não suportam tantas telas. Ele é, dizem, autoridade. Mas a autoridade hoje tem um crachá, um prazo, um formulário a preencher. Aquilo que era vocação virou planilha. Aquilo que era encontro virou exigência. Aquilo que era sonho virou cansaço. Vestido com a capa da excelência, o docente se arrasta entre bancas e relatórios, mal tendo tempo de lembrar por que começou. É cobrado por papers, por impacto, por metas. O "bom professor" — como o "bom aluno" — é o que não pausa, não chora, não falha. Ele é produto e pr...
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Dois de Julho: a memória que caminha entre o povo Por Hiran de Melo Há datas que não se limitam a marcar o tempo — elas o habitam. O Dois de Julho, na Bahia, não repousa como lembrança encerrada nas páginas da história: é chama viva na consciência coletiva de um povo que, em lugar de aguardar por heróis distantes, tomou para si a tarefa de escrever seu próprio destino, com mãos calejadas, passos decididos e corações despertos. As ruas tornaram-se palco, e os corpos, instrumentos de transformação. Esta não é, pois, uma extensão tardia do 7 de Setembro, mas sim um gesto autêntico de afirmação popular. Se a proclamação do Império foi um ato político de cima, a libertação da Bahia, em 1823, foi uma conquista forjada pelo povo, no calor do Recôncavo, onde os muros da dominação ruíram não pelo poder do decreto, mas pela força da persistência. Cada avanço rumo à liberdade foi conduzido por mãos e vozes muitas vezes excluídas das narrativas oficiais — mulheres como Maria Felipa, campones...