O Arco Íris Maçônico – Capítulo 15
Encontro e Caminhada
Resumo
Este artigo explora a experiência do numinoso, ou
encontro com o Ser, como ponto de partida para a jornada iniciática maçônica. O
autor argumenta que esse encontro, embora subjetivo e difícil de descrever, é
fundamental para a transformação interior do iniciado. A iniciação maçônica é
apresentada como um processo onde o aprendiz, através de rituais e
ensinamentos, busca conectar-se com sua essência divina. O artigo destaca a
importância da escuta, da contemplação e da prática de virtudes como a
humildade e o desapego nesse processo.
Palavras-chave: Maçonaria, iniciação, experiência do
numinoso, autodescoberta, transformação espiritual, escuta, contemplação,
desapego.
O encontro com o Ser, também chamada experiência do
Ser ou experiência do numinoso, é o ponto de partida para toda iniciação. Esse
encontro é algo que acontece poucas vezes na vida de uma pessoa, e a reprodução
das condições em que ocorreu não garante uma nova ocorrência.
Uma possível experiência do Ser pode se dar no
encontro de dois olhares. Olhares que se atraem. Olhares que provocam uma
parada no que se está fazendo, e mesmo quando eles se vão, permanecem como uma
sensação de indescritível bem-estar.
O fato de que uma experiência do numinoso seja
pessoal e indescritível é um grande obstáculo para se falar dela. Todavia, não
é o obstáculo maior. Uma vez que é uma experiência que dificilmente se repete,
mesmo que sejam propiciadas semelhantes condições nas quais ela aconteceu.
Assim, não é uma experiência científica, é uma experiência do Ser.
Na iniciação maçônica espera-se que a experiência
ocorra na câmara de reflexão, local de despojamento do homem velho, instante de
fazer o testamento. O que vai ser deixado como lembranças do ego, do
conhecimento, do ter.
Mas, pode ocorrer em outros instantes, como também
pode não se repetir em nenhum outro momento. Por exemplo, pode acontecer na
recepção do candidato pelo Primeiro Experto – o guia com quem o candidato irá
contar durante toda a iniciação.
A audição do interrogatório entre as luzes e o guia
é de uma intensidade tão grande que pode ser um encontro com o Ser. Lembremos:
Ø Quem vem lá?
Ø É um amigo
que deseja ser recebido Maçom e transforma-se num verdadeiro Irmão.
A garantia oferecida pela autoridade do primeiro
experto de que se trata de um amigo desejoso de ingressar nos mistérios e
possuidor das qualidades para tanto, vai abrindo a porta da Maçonaria ao
candidato.
Gosto de participar de sessão magna de iniciação
porque me sinto renovado. Uma experiência semelhante à que sinto quando levo ao
batismo um filho meu. É como se fosse eu o novo batizado.
É uma experiência agradável, generosa, mas não é uma
experiência com o numinoso. Talvez a do meu filho, sim. Lembremos que o batismo
da Igreja é um sacramento.
Aqui é preciso ter muito discernimento para
distinguir o essencial do existencial.
Também não é correto passar a buscar novas
experiências do numinoso. Esta busca pode levar ao estado em que os Padres da
Igreja chamam de consolo ou de idolatria.
A experiência com o Ser deve ser um marco do início
de uma vida nova, porta para a vida eterna. A partir daí, inicia-se o longo
trabalho de ascese, que consiste em ordenar o comportamento moral do homem e
praticar o desapego.
As sessões econômicas maçônicas podem ajudar nesta
ascese, desde que o irmão seja assíduo e desenvolva a capacidade de ouvir e de
contemplar.
Aqui é importante lembrar que não se deve estimular
o aprendiz a fazer outra tarefa, senão o desbastar da pedra bruta. Não é época
para o aprendiz falar, ler peças de arquiteturas, muitas vezes feitas sem a
orientação devida de um mestre, outras vezes apenas copiadas. Leituras sem reflexões
e muitas vezes desorientadoras.
Estamos na época da audição, da escuta, da
contemplação e de nos embriagarmos no vinho puro propiciado pelo encontro entre
irmãos, companheiros de caminhadas na estrada que leva ao Reino dos Céus.
Estamos na época de sentirmos, como sentiram os doze apóstolos, caminhando ao
lado do Mestre dos Mestres, o sabor maravilhoso do aprender.
Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado,
Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, 2
de dezembro de 2007 da Revelação do Cristo.
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